Santos Silva apela a negociações entre PS e PSD em “questões que exigem entendimento”
O ex-presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, partilhou, esta terça-feira, que espera que os socialistas possam colaborar com o Governo do PSD em “questões que exigem entendimento”, na sequência da missiva de Pedro Nuno Santos a Luís Montenegro.
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“Só faço votos para que, mas questões que exigem entendimento, relativas a várias leis, um eventual orçamento retificativo ou Orçamento [do Estado] para 2025, os dois maiores partidos, o partido de Governo, PSD, e o maior partido da oposição, o PS, possam negociar, possam conversas e possam chegar a entendimentos”, afirmou, em declarações aos jornalistas, enquanto “mero civil”, à margem de uma sessão que antecede a 6.ª edição Foro La Toja, que decorre na Fundação Gulbenkian, em Lisboa. Questões essas como a valorização salarial e a melhoria das condições de trabalho das várias categorias profissionais, detalhou o ex-presidente da Assembleia da República.
Recorde-se que, na segunda-feira, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, escreveu ao primeiro-ministro disponibilizando-se para negociar um acordo que, em 60 dias, resolva a situação de certos grupos profissionais da administração pública. Luís Montenegro respondeu positivamente ao repto, mas deixou claro que tal reunião só deverá acontecer após o novo Governo iniciar o processo negocial com os sindicatos da função pública.
Questionado se o Orçamento do Estado (OE) para 2025 deve ser negociado entre o PS e PSD, Santos Silva reiterou: “Interpretei a iniciativa do secretário-geral do PS, e saúdo-a por isso, como uma iniciativa para propor conversações com o Governo para ir resolvendo questões concretas, nas quais há convergência programática, tal como foi mostrada durante a campanha eleitoral”,
Sobre a possibilidade de o Governo de Montenegro vir a governar em duodécimos, Santos Silva escusou-se de comentar, mas aproveitou para reiterar que o PS, embora seja a oposição ao Governo atual, possa mostrar-se disponível para ajudar a encontrar soluções. “É perfeitamente possível haver um partido de Governo e um partido de oposição, e ao mesmo tempo, quando seja necessário, haja conversas entre o Governo e a oposição, designadamente quando o Governo não tem um número de votos indispensável para fazer valer as suas decisões e tem que negociá-las”.
Quanto à aproximação do discurso de Pedro Passos Coelho ao Chega, tema que tem vindo a ser discutido com a apresentação do novo livro do antigo primeiro-ministro social-democrata, Santos Silva disse apenas não estar surpreendido. Santos Silva também não quis tecer comentários sobre o facto de António Costa ainda não ter sido ouvido pela Justiça no âmbito da Operação Influencer, que levou à demissão do ex-primeiro-ministro.
Santos Silva participou na primeira mesa redonda da conferência "Cinco Décadas de Democracia em Portugal e Espanha" que decorre esta terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, apoiada pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e promovida pelo Presidente do Grupo Hotusa, Fundador e Presidente da Fundación La Toja, Amancio López Seijas.