O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, deu este sábado o envolvimento das Forças Armadas na vacinação contra a covid-19 em Portugal como um exemplo para os governos da NATO pedirem o reforço dos orçamentos de defesa.
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"Quando se tem de convencer os deputados de que é preciso gastar mais na Defesa, é importante mostrar a importância das forças armadas (..) para o desempenho de outros objetivos de segurança humana", disse.
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Augusto Santos Silva respondia ao representante da Hungria na Assembleia Parlamentar da NATO, a decorrer em Lisboa até segunda-feira, que o questionou sobre o sucesso da vacinação contra a covid-19.
Portugal tornou-se este sábado o primeiro país do mundo a ter 85% da população com vacinação completa contra a covid-19, anunciou o Ministério da Saúde.
Neste processo, foram administradas em Portugal continental cerca de 15,3 milhões de vacinas, possibilitando que cerca de 8,4 milhões de pessoas tenham agora o esquema vacinal completo, segundo o ministério.
Augusto Santos Silva lembrou que em janeiro e em fevereiro deste ano, Portugal viveu os "tempos mais difíceis" da pandemia, quando foi considerado como o país com a "situação mais grave na Europa e um dos mais graves no mundo".
Devido às ligações de Portugal com diferentes países, "era muito importante acelerar a vacinação", disse.
Santos Silva explicou aos participantes na assembleia parlamentar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) que Portugal beneficiou da vantagem de os "portugueses estarem habituados às vacinas" devido ao plano nacional de vacinação.
Destacou a estratégia de ligar a vacinação contra a covid-19 à mobilidade e de ter sido usada a logística das Forças Armadas Portuguesas, uma decisão que considerou relevante para o debate em curso na NATO sobre o conceito estratégico de defesa.
Santos Silva contou aos parlamentares da NATO que o líder da missão de vacinação, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, apareceu sempre em público com o seu uniforme militar, por considerar que a sua missão era uma guerra.
"Isto foi muito importante para convencer as pessoas (...), porque em Portugal os militares são muito respeitados", disse.
Por outro lado, "a capacidade das Forças Armadas foi muito importante para organizar e mobilizar o país para a vacinação", acrescentou.
Santos Silva defendeu que a campanha de vacinação contra a covid-19 representou também uma "nova legitimação das Forças Armadas".
Já depois de terminar a sua explicação, Santos Silva disse que o presidente da delegação portuguesa à Assembleia Parlamentar da NATO, o deputado do PSD Adão Silva, presente na sala, lhe tinha recordado uma outra razão para o sucesso da vacinação: o consenso político em relação à pandemia.
"Também foi essencial para o sucesso do combate de Portugal contra a pandemia o facto de que esta nunca foi uma questão política", disse.
O ministro recordou que o líder do maior partido da oposição, Rui Rio, declarou no parlamento que o PSD estava "ao lado do Governo" na luta contra a covid-19 por estar em causa uma questão básica de interesse nacional.