Nem o materialismo nem os avanços das ciências e das tecnologias levaram a menos fé em Deus, como tanto se apregoava na euforia marxista e leninista. Em Portugal, as estatísticas apontam 90% de crentes, mas, na República Checa, a percentagem baixa para 37%, talvez por causa do passado comunista e do ateísmo militante.
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As estatísticas, no entanto, têm surpresas: na Polónia, também com um passado comunista, o número de crentes cifra-se nos 97%. Poder-se-ia pensar que Portugal e Polónia sempre foram redutos do cristianismo. Mas que dizer, então, da Rússia, onde 87% se declaram crentes, apesar de o comunismo ter durado décadas e do ateísmo ter sido tão activo? Ali, o ateísmo imposto politicamente implodiu como o tão propalado socialismo real que não chegou a confirmar os amanhãs que cantam nem o futuro do homem novo que surgiria à revelia ou em lugar de Deus. Na Europa, os crentes não são todos iguais nem a ideia de Deus é a mesma. Há quem faça da fé um factor básico da vida, como há fundamentalistas que gostariam de impor a fé a todo o custo e os que se lembram de crer porque o seguro morreu de velho e, na dúvida, é mais importante a crença do que a indiferença. A par de ateus militantes, há quem seja descrente resignado, com a nostalgia da fé em momentos de crise. Quando se fala de religião, é bom sabermos do que estamos a falar.