São precisas “pontes de diálogo” para resolver os desafios dos jovens qualificados
O presidente da Federação Académica do Porto apela aos partidos políticos que criem consensos alargados para o Ensino Superior, de modo fazer as reformas necessárias e a resolver a emigração dos jovens qualificados.
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Da desigualdade de oportunidades à fuga de jovens qualificados para o estrangeiro, os principais desafios do Ensino Superior só se resolvem com "pontes de diálogo" entre os partidos, que devem olhar para o setor como matriz do desenvolvimento económico e social do país. O alerta foi deixado, esta terça-feira, por Francisco Porto Fernandes, convidado da 11.ª sessão de "O Mundo à volta do Porto", uma iniciativa do JN e da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, com o patrocínio da Torre dos Clérigos.
Para o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), instituição que representa 80 mil estudantes, a "falta de cultura política" para o consenso adia as reformas que permitem ao país crescer e apostar em setores de alto valor acrescentado, resultando em elevados números de emigração de jovens qualificados. No entender do dirigente, é fundamental haver estabilidade nas políticas públicas, mas também uma abordagem renovada do mundo empresarial, que deve encarar a contratação de quadros superiores – com salários mais elevados – como um trunfo para aumentar a produtividade e, por consequência, gerar mais riqueza. "O nosso Ensino Superior é muito bom. Se não fosse muito bom, não tínhamos tantos empregadores mundiais a recrutar em Portugal", frisou.
Mais empreendedorismo
Provocado por Augusto Santos Silva sobre a quebra do espírito empreendedor da geração atual, mais qualificada do que a anterior, Porto Fernandes admitiu que é necessário uma "mudança de paradigma". "Temos de dizer que é uma solução nós criarmos o nosso próprio emprego. E isso deve começar no próprio sistema do Ensino Superior", afiançou o presidente da FAP, apontando que o organismo tem um concurso que premeia as melhores ideias de negócio no meio académico para cultivar o empreendedorismo.
Acerca das prioridades do organismo, o dirigente defende a criação de mais alojamento estudantil e melhor ação social. "Enquanto não tivermos dinheiro para apoiar todos, todos, todos, temos de garantir que quem mais precisa, quem tem menos, é apoiado e está numa posição equitativa para ter sucesso (...) A questão das propinas é muitas vezes, do ponto de vista ideológico, muito atrativa, mas nós temos é de ajudar quem mais precisa", justificou.
O ciclo de 12 sessões das "Conversas de Café" termina a 1 de julho, às 18.30 horas, no Café Velasquez, com o ex-ministro José Silva Peneda.