Dois centros comerciais entre os locais inspecionados devido a surto de legionela
As autoridades de saúde estão a fazer análises em torres de refrigeração de várias empresas e centros comerciais, entre o Sul do concelho de Vila do Conde e o Norte de Matosinhos, mas, até agora, ainda não conseguiram identificar o foco de legionela. O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, garante que estão "muito atentos", mas admite que é preciso "acelerar". Só assim será possível travar a subida de casos. Ontem, eram mais cinco os infetados e mais uma pessoa morreu. São agora 67 infetados e sete vítimas mortais. Mas a saúde não avança com medidas preventivas, nem conselhos à população.
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O surto começou a 29 de outubro e duas semanas depois a origem continua por identificar. Uma torre de refrigeração, entre o Sul de Vila do Conde e o Norte de Matosinhos, parece ser a hipótese mais provável, depois de não ter sido encontrada legionela nas águas para consumo de Vila do Conde e Matosinhos. O JN sabe que Petrogal, Ramirez, Amkor (ex-Qimonda), Nelo, Lactogal, Vila do Conde Fashion Outlet e NorteShopping são alguns dos locais que foram inspecionados.
"Estamos a recolher análises de água das torres de refrigeração de vários espaços, águas de consumo e secreções dos doentes para verificarmos se as estirpes de legionela são as mesmas. Estamos ainda numa fase inicial", afirmou, ontem, António Lacerda Sales, à margem de uma visita em Ermesinde, Valongo.
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O secretário de Estado da Saúde explicou que todas as colheitas estão a ser encaminhadas para o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). Quando haverá conclusões, não sabe, mas está ciente - e o INSA também - de que é preciso "acelerar".
Sem medidas preventivas
Quanto a eventuais medidas preventivas, Lacerda Sales diz apenas que "a população tem de estar sempre alerta". O JN questionou, quer a Direção-Geral da Saúde (DGS) quer a ARS/Norte sobre a adoção de medidas como o encerramento das torres das principais fábricas até à identificação do foco (tal como aconteceu, em 2014, em Vila Franca de Xira), mas não obteve qualquer resposta. Nas zonas mais afetadas, como Fajozes, em Vila do Conde, a população está assustada e queixa-se de falta de informação. O mesmo dizem os autarcas (ver texto ao lado).
A sul, em 2014, dois dias depois do início do surto, a DGS recomendava, por exemplo, que se evitassem duches, jacuzzis e hidromassagens e que se mergulhassem as cabeças dos chuveiros, uma vez por semana, 30 minutos em lixívia. Neste caso, nada.
O infeciologista Jaime Nina recomenda a quem mora na zona "manter as janelas de casa fechadas e, na rua, usar máscara". Explica ainda que, em Vila Franca, houve pessoas contaminadas que seguiam na autoestrada de carro com a janela aberta ou em carros com ventilação sem filtro.
Infetados a subir
Ontem, o número de infetados voltou a subir. São agora mais cinco, três de Vila do Conde, um da Póvoa e um de Matosinhos, com idades compreendidas entre os 59 e os 87 anos. Álvaro Quintas Moreira, de 74 anos, é a mais recente vítima. Era de Mindelo (Vila do Conde) e estava internado, há vários dias, no Hospital Pedro Hispano. Mindelo e Fajozes, em Vila do Conde, e Lavra, em Matosinhos, são as freguesias mais afetadas.