Saúde mental nas escolas de Gondomar: "Os alunos revelam que se sentem muito ansiosos"
Associação Silveirinhos, de Gondomar, está a desenvolver projeto sobre saúde mental em duas escolas do concelho, com várias atividades. Questionário revela problemas de ansiedade nos adolescentes.
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Um simples questionário diagnosticou uma realidade mais preocupante do que se imaginava, num universo de 125 alunos do 3.° ciclo de Gondomar: “Hoje em dia, os jovens têm muita ansiedade”, conclui Cláudia Póvoas, da Associação Social de Silveirinhos, que está a desenvolver o projeto “Ama-te... pela tua saúde” em duas escolas do concelho com o objetivo de alertar para a importância da saúde mental e dos relacionamentos saudáveis entre os mais novos.
“Os resultados surpreenderam-nos, a nível dos problemas de ansiedade. Já estávamos à espera, mas não tanto: os alunos revelam que se sentem muito ansiosos, e isso decorre da pressão das redes sociais”, contextualiza a técnica do projeto, revelando que alguns estudantes são seguidos na área da psicologia e, até, medicados, de forma a evitar ataques de pânico. O questionário incidiu ainda sobre a violência no namoro, sendo que “a ideia é trabalhar a saúde mental para prevenir” também este fenómeno.
Emoções em palco
Os acordes do órgão vão marcando o ritmo, e no anfiteatro da EB 2,3 de Rio Tinto afinam-se vozes e acertam-se compassos para que nada falhe no espetáculo que os alunos de três turmas do 9.° ano protagonizam – uma das apresentações decorreu ontem e a próxima será em setembro, em dia a agendar – e que é uma das seis ações do projeto. “Ama-te... pela tua saúde”, cantam em uníssono rapazes e raparigas adolescentes, que confidenciam, ao JN, terem ficado mais atentos e sensibilizados para a problemática com a participação na iniciativa homónima que a Silveirinhos está a desenvolver também na EB 2,3 de S. Pedro da Cova, com turmas dos 7.° e 8.° anos.
“Antes deste projeto, pensava que a saúde mental era apenas doenças ou problemas da cabeça, e aprendi que devemos saber controlar e expressar melhor as emoções”, reconhece Guilherme Linhas, de 14 anos, confessando que o palco já lhe era familiar. “Os meus pais faziam teatro e a minha tia tem um grupo, e já a ajudei várias vezes a preparar a luz e o som. Mas a participar numa peça é a primeira vez, e estou mesmo entusiasmado”, revela.
“Os alunos estão envolvidos, tenho a certeza de que esta é uma experiência que não vão esquecer. E estão a aprender muito com ela, para enfrentarem problemas que possam surgir”, observa a professora Cândida Guimarães, que coordena os projetos de desenvolvimento humano e social na escola de Rio Tinto e é docente de Cidadania e Desenvolvimento, disciplina no âmbito da qual o projeto proposto pela associação está a ser trabalhado.