A mensagem escrita num cartaz esta quinta-feira resume a prioridade que o setor deve ter em qualquer economia: "Se o campo não produz, a cidade não janta" . O dia ficou marcado por mais um protesto único no país: milhares de agricultores bloqueram estradas e condicionaram várias fronteiras de norte a sul.
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A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) desmarcou-se da organização dos protestos. Mas foram milhares, os agricultores que de norte a sul do país bloquearam estradas e autoestradas, condicionaram a circulação em vários pontos da fronteira e até entraram em Coimbra, contra a falta de políticas que protejam e desenvolvam a Agricultura.
Depois de 2023 ter sido marcado pela contestação dos professores e por urgências fechadas ou a meio gás, 2024 arranca com duas manifestações inéditas de polícias e por este protesto dos agricultores que prometem não desmobilizar enquanto não receberem respostas da ministra da Agricultura. O país parece um barril de pólvora a pouco mais de um mês das legislativas.
Hoje foram muitos os que acusaram a ministra de ser ausente e de o setor estar falido, sem margem de lucro. Em conferência de imprensa, e depois em entrevista à SIC, Maria do Céu Antunes prometeu 400 milhões de euros em apoios e assumiu que a Política Agrícola Comum (PAC) não responde aos desafios dos agricultores.
Os protestos que já duram há 14 dias em França alastraram-se a outros países europeus. Além de Portugal, também se registaram protestos similares na Bélgica, Grécia, Itália, Alemanha, Polónia, Roménia, Espanha . Em Bruxelas, o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chefe do Governo dos Países Baixos, Mark Rutte, reuniram-se com representantes da Copa Cogeca, a confederação agrícola europeia que representa mais de 22 milhões de agricultores e 22 mil cooperativas. A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores que será debatida pelos ministros dos 27 Estados-membros a 26 de fevereiro.
Tribunal continua a receber provas da Madeira
Uma semana depois do presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado e dois empresários terem sido detidos continuam a chegar provas ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. Os advogados de defesa foram chamados "de urgência". Custódio Correia começou a ser ouvido quarta-feira ao final do dia. Amanhã deve ser a vez de Avelino Farinha e, no sábado, a de Pedro Calado. As medidas de coação só devem ser anunciadas na próxima semana. Em causa estão suspeitas de corrupção, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevida de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência em diversos empreendimentos na Madeira que determinaram a queda de Miguel Albuquerque pouco mais de quatro meses depois de ser eleito abrindo nova crise política depois dos Açores e do Continente.
Já o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira e os outros 11 detidos no âmbito da Operação Pretoriano ainda não começaram a ser ouvidos. Os arguidos só serão formalmente identificados pelo juiz de instrução criminal depois dos advogados de defesa consultarem o processo.