Diretores garantem que falta de professores já se sente em todo o país e pedem soluções ao novo ministro.
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O segundo período termina esta sexta-feira e, de acordo com as contas da Federação Nacional de Professores, cerca de 28 mil alunos não têm todos os professores. Um número bem longe dos quase 100 mil que começaram o ano letivo sem todas as aulas mas que "estabilizou, nas últimas semanas entre os 20 mil e 30 mil", assegura Mário Nogueira. Responder à escassez de docentes "tem de ser a prioridade da legislatura", defende.
Na semana passada, estavam por preencher, em oferta de escola, 5581 horários, a que se somam mais 2193 lançados segunda e terça-feira. A maioria dos lugares são em Lisboa (1936), Setúbal (797), Faro (471), Porto (462) e Aveiro (345). Sendo as disciplinas mais afetadas, além do 1.º ciclo (895), Português (548), Educação Especial (509). Inglês (367) ou Matemática (251).
A situação só não é pior, garante Nogueira, pela atribuição de horas extraordinárias e contratação de quem não tem mestrado em ensino e provem de outras áreas, "como de engenharia para dar aulas de Matemática", aponta.
À espera de tirar máscara
"O problema já não está circunscrito a Lisboa ou Algarve, já é transversal a todo o país. Estive mais de um mês para conseguir um professor de Francês, o que não é normal no Norte. Era superfácil", sublinha Filinto Lima. O presidente da Associação Nacional de Diretores (ANDAEP) pede a João Costa um concurso de vinculação extraordinária para os milhares de contratados com vários anos de serviço. "O novo ministro tem de dar rapidamente sinais muito concretos de querer resolver o problema", frisa. O JN confrontou o ME com a estimativa da Fenprof e questionou quando devem arrancar as negociações sobre o regime de concursos mas não recebeu resposta até ao fecho da edição.
"Andou-se anos a colocar pensos rápidos e os mais prejudicados são os alunos", critica Jorge Ascenção. Para o presidente da Confederação de Pais (Confap), o Governo vai ter de recuperar os docentes que desistiram de dar aulas, valorizar a carreira e compensar os professores deslocados.
O 2.º período, insiste Filinto Lima, também ficou marcado, até final de janeiro, pelo vaivém de alunos e professores em isolamento e a chegada de todos os computadores prometidos. O presidente da ANDAEP apela à DGS para, durante a pausa da Páscoa, rever as normas de funcionamento das escolas. Seria bom, admite, iniciar o 3.º período sem máscaras nas aulas, as bolhas ou os circuitos de sentido único.