
Debate na RTP juntou João Cotrim de Figueiredo e António José Seguro
Foto: Pedro Pina - RTP
António José Seguro foi ao debate da RTP puxar dos galões da experiência governativa e insistir na independência relativamente ao atual Governo. Já João Cotrim de Figueiredo salientou os 35 anos a trabalhar no setor privado para garantir que, contrariamente ao seu adversário do debate desta terça-feira, será um presidente da República exigente e com ideias bem definidas para o futuro de Portugal.
Pacote laboral, lei da nacionalidade e soluções para o crescimento económico separaram dois candidatos que, apesar das diferenças, querem o país a promover o crescimento demográfico e o recato nas reuniões entre São Bento e Belém. As críticas à nova política de segurança dos Estados Unidos da América (EUA) também aproximaram Cotrim e Seguro.
O candidato apoiado pelo PS começou o frente-a-frente a desmentir quem não estava presente. "É completamente falso que tenha tido encontros com André Ventura", sublinhou em resposta às insinuações do presidente do Chega no dia anterior. António José Seguro aproveitou os minutos iniciais do debate para tentar, desde logo, ferir o adversário com um apoio vindo da Iniciativa Liberal, o ex-vereador da Câmara do Porto Ricardo Valente.
Cotrim de Figueiredo registou o ataque e contrapôs com a capacidade que disse ter para "mobilizar e convencer" pessoas de diferentes espetros ideológicos. Começou aqui a tentativa do liberal de colar a Seguro ao "centrão" e à falta de comprometimento.
O antigo secretário-geral do PS usou, de imediato, o pacote laboral para afastar essa crítica. "Vetaria tal como estava. Sou o único candidato que pode contribuir para o equilíbrio e moderação", defendeu. António José Seguro manteve as críticas às alterações propostas pelo Governo à lei laboral e deseja que as novas reuniões entre o primeiro-ministro e as centrais sindicais possam levar a bom porto.
Cotrim de Figueiredo pretende o mesmo. "Espero que conduza a um acordo", afirmou. Porém, deixou claro que não quer o Governo a recuar na liberalização da lei do trabalho.
Cotrim mantém apoio à lei da nacionalidade
Cotrim de Figueiredo também não deseja o fim da lei da nacionalidade e sustentou que o chumbo do Tribunal Constitucional a algumas das medidas mais não é do que "o normal funcionamento das instituições". "Espero que a Assembleia da República não cometa a loucura de deixar cair a lei", alegou.
Para escapar à crítica de indeciso, Seguro recordou o "pacto para a saúde" que delineou com o objetivo de "tornar atrativas as carreiras dos profissionais de saúde". Cotrim quis saber quais as medidas e quanto custa esse plano. O adversário assegurou que fez as contas, mas sem avançar com um número.
Unidos nas críticas a Donald Trump
Os candidatos começaram a aproximar-se quando o moderador perguntou se pressionariam Luís Montenegro a demitir um ministro por questões éticas. Ambos admitiram fazê-lo, mas sempre na discrição do gabinete. "Vou colaborar com o Governo", disse um António José Seguro que não será "um primeiro-ministro sombra em Belém".
Já Cotrim prometeu exigência e prioridade aos "temas do futuro", entre os quais o combate à solidão e violência contra idosos. "Em 2050, vamos ter um terço da população com mais de 65 anos", justificou.
O debate ficou ainda marcado pelas críticas do candidato da ala liberal "à intenção descarada dos EUA em apoiar forças nacionalistas na Europa" e à "ressurreição da Doutrina Monroe", com que Donald Trump quer controlar todo o continente americano. "Concordo. Os EUA não têm de se envolver na política europeia", avançou Seguro.
Tal como já tinha feito o candidato Jorge Pinto, também Seguro propõe a dinamização do "Grupo de Arraiolos", criado por José Sampaio, para reforçar a "voz política" da Europa".

