António José Seguro é candidato às eleições presidenciais por considerar que o país precisa de um presidente que "inspire confiança e estabilidade". O antigo secretário-geral do PS afirmou, este domingo, que a candidatura não é partidária e definiu que o próximo chefe de Estado não deve ser distante, nem autoritário.
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"Esta não é uma candidatura partidária, nem nunca será. É a casa de todos os democratas que, num momento difícil do nosso país, se unem para preservar o fundamental: o nosso património comum", começou por dizer perante um auditório do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha repleto de apoiantes e com um colorido de várias bandeiras de Portugal. Ao lado família, apresentou formalmente a candidatura a Belém ainda sem o apoio do Partido Socialista, mas com várias figuras de peso do partido que marcaram presença na fila da frente do auditório: João Soares, Francisco Assis, Álvaro Beleza, Maria de Belém e Adalberto Campos Fernandes.
Num discurso com mais de meia hora, António José Seguro começou por definir os valores da "liberdade, igualdade, solidariedade, respeito pelo outro e seriedade" como "pontos cardeais" que vão nortear o caminho da sua candidatura até Belém. Diz que não precisa de aprender no cargo e que chega "preparado", lançando farpas a Gouveia e Melo.
Sobre o novo presidente da República, afirmou que o país precisa de um chefe de Estado que "inspire confiança e estabilidade" e que "seja referência moral e não ruído mediático". "O Presidente deve ser árbitro respeitado, não jogador. Facilitador de consensos, não gerador de clivagens. Sereno, e não distante ou autoritário. O Presidente deve centrar-se na magistratura de influência com causas, agenda própria e vigilância democrática", detalhou.
Quanto às causas, definiu como prioridade a "criação de riqueza" para "trazer progresso, melhores salários e melhores pensões". A seguir, prometeu ser presidente com uma "agenda própria" através de "uma nova cultura política". Colocou de lado a revisão constitucional e manteve as fichas todas no acesso à habitação e "aos cuidados de saúde a tempo e horas". "Prioritário é criar riqueza para haver melhores salários e melhores pensões. Prioritário é capacitar o país para apoiar as nossas empresas, para que os jovens se fixem e não emigrem", acrescentou.
Também se comprometeu com um pacto para a prosperidade que envolva todos os partidos políticos, parceiros sociais e universidades, considerando que "gerir a conjuntura já não basta, nem é maneira de governar". "É necessário um projeto nacional, consensualizado, participado por todos, independentemente de quem está no governo. O país tem de ter um rumo. Não pode andar aos zig zags. Portugal precisa de um rumo, não apenas de governo. Precisamos de governos de projeto e não de governos de turnos", definiu.
Governos a prazo conduzem Portugal a prazo
Mantendo a toada na estabilidade e nos consensos, prometeu ser o presidente que "escuta antes de falar" e "que não divide nem impõe, mas constrói entendimentos". "Se for eleito, irei ouvir o país inteiro, todas as regiões, de forma permanente. Não me fecharei no Palácio. Consultarei o Conselho de Estado, mas não dispensarei de escutar o conselho do povo", vincou. Ainda assumiu sete preocupações fundamentais, do compromisso com a justiça social e os direitos humanos à paz na Europa e em Gaza.
No final, lembrou os anos em que esteve afastado da vida política e assegura que o seu regresso é para "unir". "Não venho pedir nada. Venho retribuir muito do que os portugueses me deram, afinal o que sou", ressalvou.
Com a filha na plateia e emocionado, revelou que a sua indignação sobre a situação dos jovens e dos idosos em Portugal. "É inadmissível um país onde os nossos filhos são excluídos dos bairros onde nasceram e cresceram porque não têm habitação, porque os salários não lhes permite arrendar uma casa, porque o futuro lhes está a dizer que vão ter pior qualidade de vida do que os pais. É inadmissível um país onde os mais idosos não têm um lugar minimamente aceitável para passarem os seus últimos anos de vida". E terminou com a promessa de que é candidato para fazer diferente e trazer a mudança "que já vai tarde" e "é uma urgência de anos".
O antigo líder socialista anunciou a entrada na corrida a Belém a 3 de junho, no dia em que o novo parlamento iniciou funções, através de um vídeo publicado pela TVI/CNN Portugal. Até ao momento, Seguro é a única personalidade da área socialista que já anunciou uma candidatura a chefe de Estado.