<p>O Senado francês votou contra a legalização da eutanásia, projecto apresentado por vários membros, tanto do Governo como da Oposição. Pretendia-se aprovar a "Assistência medicalizada para a morte". </p>
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Terminou para já o intenso debate na sociedade francesa sobre a eutanásia. O próprio primeiro-ministro francês, François Fillon, opôs-se ao projecto, descrevendo-o como "precipitado" e alegando que "não oferece as garantias necessárias", enquanto apostava em "desenvolver os cuidados paliativos e rejeitar a obstinação terapêutica".
O arcebispo de Paris, cardeal André Vingt-Trois, elogiou a decisão do Senado, convidando o seu país a mostrar "uma visão elevada do homem". Na opinião do bispo de Montauban, D. Bernard Ginoux, "não é necessário invocar a fé católica para afirmar que o 'direito' a matar é contrário ao princípio de humanidade". Defende que "a dignidade de todo o ser humano é intangível. Esquecê-lo é cair na barbárie".
O problema, de facto, é sabermos se a ética dos mínimos ou a ética civil, em nome da qual os Estados laicos legislam, é suficiente para temas tão complexos como os da eutanásia.
Nas sociedades democráticas e pluralistas, convivem vários sistemas éticos. Um deles é a moral cristã. Mas há outros. Todos podem coincidir nos mínimos como património comum. Daí a ética dos mínimos ou ética civil, para a distinguir dos outros sistemas éticos, que seriam a ética dos máximos, como é o caso da moral cristã, bem mais exigente e que os cristãos respeitam nos seus comportamentos.
A ética civil, comum a todos os cidadãos, chega para aprovar a eutanásia?
Penso sinceramente que não.