Uma equipa do Centro de Investigação em Informática e Comunicações do Instituto Politécnico de Leiria está a desenvolver uma plataforma onde serão tratados dados recolhidos por sensores em hortas urbanas. A intenção é fazer recomendações sobre regas ou uso de fertilizantes, mas também emitir alertas em caso de contaminação, risco de inundação ou de incêndio
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Coordenador do projeto, Carlos Rabadão, 56 anos, engenheiro eletrotécnico doutorado em Informática, explica ao JN que serão instaladas pequenas "boxes" em hortas urbanas, para recolher informação relativa à precipitação, temperatura relativa, humidade do solo, radiação solar e direção e velocidade do vento, a partir de sensores.
Essa informação será, depois, transmitida através de uma rede de comunicações para uma cloud privada, a partir da qual os investigadores irão tratar os dados numa plataforma:.
"Desenvolvemos inteligência artificial e machine learning, para podermos prever riscos de incêndio ou inundações, ou para ajudarmos a escolher uma dada cultura", acrescentando que "as novas gerações que querem produzir os seus alimentos não têm esse conhecimento".
Visão macro das cidades
Os dados permitirão ainda detetar a existência de cobre, na água das chuvas ou proveniente de Estações de Tratamento de Águas Residuais, e alertar os utilizadores desses terrenos, para impedir a contaminação dos alimentos.
O investigador acredita que a extração de conhecimento através das "boxes" permitirá agregar informação de todas as hortas urbanas e ficar com uma "visão macro" das cidades. Os dados recolhidos poderão ser consultados no telemóvel e serão úteis não só para os utilizadores desses terrenos, como para a Proteção Civil, para prevenir incêndios e inundações.
"No futuro, a gestão das plataformas terá de ser feita pelas smart cities, através das autarquias ou das comunidades intermunicipais", defende. "Podem ainda vir a ser integradas com câmaras de videovigilância, que também podem medir trânsito", sugere. "Quantos mais dados forem recolhidos, mais autónomas as plataformas se tornam. O objetivo é transferir conhecimento para a sociedade".
A equipa de investigadores de Leiria é constituída ainda por Mário Antunes, Marisa Maximiniano, Fernando Silva e três bolseiros de mestrado. Promovido pela multinacional Axians, o projeto tem como parceiros a Escola Superior Agrária de Coimbra, onde vai ser testado o protótipo da box a partir de maio, a VisionWare e o Limerick Institute of Technology, na Irlanda. O custo global do projeto é de cerca de um milhão de euros e estará concluído em junho de 2023.