Um grupo de investigadores do departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro está a estudar a qualidade do ar na cidade. O objetivo do projeto, inserido no programa mais vasto do Aveiro Steam City, é sensibilizar a população para comportamentos mais amigos do ambiente e dar um contributo para projetar uma cidade mais saudável<br/> .
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Desde junho do ano passado que nove sensores - colocados estrategicamente no edifício da antiga reitoria da UA, estação da CP, antiga biblioteca municipal, quartel dos bombeiros velhos, casa Morgados da Pedricosa (no largo da Sé), Centro de Congressos, Museu Arte Nova, instalações do CETA - Circulo Experimental de Teatro de Aveiro e na capela de N.a Sr.a da Alegria (Barrocas) - estão a recolher dados sobre poluentes do ar. Estas estações medem também ruído e duas têm, ainda, uma componente ligada à meteorologia.
"Os locais foram escolhidos para tentar ter um panorama o mais completo possível do que se passa no centro da cidade" e da influência de diversos fatores, "como tráfego, proximidade da autoestrada e parques de estacionamento", explica a investigadora Ana Isabel Miranda.
Da informação já recolhida, foi possível perceber que, de uma maneira geral, a qualidade do ar é "razoável" em Aveiro. Nota-se, por exemplo, um aumento da poluição nas horas de ponta (maior tráfego automóvel) e o impacto de um incêndio que, em setembro, cobriu a cidade de fumo.
Outro impacto muito notado foi, no inverno, o efeito das lareiras. As pessoas pensam que são só os carros que influenciam, mas, no inverno, as lareiras têm um impacto brutal na qualidade do ar
"Outro impacto muito notado foi, no inverno, o efeito das lareiras. As pessoas pensam que são só os carros que influenciam, mas, no inverno, as lareiras têm um impacto brutal na qualidade do ar", explica Ana Isabel Miranda, sublinhando que os níveis dispararam "nos dias mais frios e no período noturno".
No âmbito deste projeto, a intenção é usar os dados para criar um índice da qualidade do ar que seja facilmente percetível pela população e que poderá ser acedido numa plataforma que está a ser preparada no âmbito do Aveiro Steam City. Junto com a informação, poderá ser feita sensibilização e indicadas sugestões de comportamentos para reduzir a poluição: andar a pé ou de bicicleta, por exemplo.
A equipa também está a trabalhar a aplicação de modelos que permitem "simular o futuro e ver o impacto das ações e quais as melhores decisões a tomar" sobre o ordenamento do território, acrescenta Ana Isabel Miranda. Com estes modelos, será possível prever o efeito na qualidade do ar e, por conseguinte, no ambiente e saúde, de ações como o corte de trânsito numa rua, a localização de um novo parque de estacionamento ou a criação de uma ciclovia.