Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro estuda alternativas sustentáveis para a gestão dos resíduos urbanos
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Com os aterros sanitários em fim de vida e a necessidade de poupar o ambiente vai ser necessário produzir menos resíduos urbanos. Seja pela via da reciclagem, seja pela compostagem de tudo quanto é orgânico. O objetivo é atenuar as alterações climáticas e reduzir o custo da gestão e tratamento do que deitamos fora. Caso contrário a fatura que chega a casa vai ficar mais pesada.
Carlos Afonso Teixeira, professor e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, tem trabalhado ao longo dos últimos anos no estudo do impacto ambiental das diferentes opções da gestão de resíduos. Diz que "é um grande problema, especialmente nas cidades", onde cada vez "é mais necessário que as pessoas façam a separação". Se assim for, sublinha, "o impacto ambiental vai ser menor".
As "alterações climáticas" surgem à cabeça da lista de preocupações de Carlos Afonso. Adiciona-lhes a "contaminação de aquíferos" e a "ocupação do solo pela necessidade de construir cada vez mais aterros". Para o evitar são necessárias "alternativas sustentáveis para a gestão dos resíduos urbanos".
Que tipo de contentores são melhores para o depósito ou quais os camiões mais indicados para o transporte, são questões a que se procura dar resposta. E os indicadores de desempenho e a análise de ciclo de vida são outros dados importantes para calcular o impacto ambiental de cada uma das soluções.
O conceito da economia circular é o foco do trabalho, com o objetivo, sublinha o investigador da UTAD, de "reduzir o desperdício e fazer com que os resíduos possam ser integrados na economia como recursos ou matéria-prima".
Carlos Afonso realça que o que vai acontecer nos próximos "cinco a 10 anos" é que a matéria orgânica, que habitualmente é depositada no contentor indiferenciado, "vai ser obrigatoriamente alvo de uma recolha seletiva". As Câmaras vão ter de "instalar contentores diferentes" ou vão ter de "ir a casa das pessoas e aos restaurantes procurar esses resíduos".
O objetivo é que "essa matéria orgânica que vai direta para os aterros sanitários" e que, ao fim de uns anos, "é responsável pela emissão de gases com efeito de estufa", seja desviada para ser "alvo de um tratamento, nomeadamente através de compostagem". E assim passará a ser "um fertilizante ou um corretivo orgânico" para os solos. Por outro lado, o investigador avisa que o futuro reserva "alterações no tarifário": "As pessoas vão deixar de pagar em função do consumo de água e vão passar a fazê-lo em função da reciclagem que garantirem. Ou seja, quanto mais reciclarem e menos resíduos produzirem, menos hão de pagar".