Serviço militar obrigatório e privatização da TAP são os temas que mais dividem os portugueses
O cenário geopolítico acendeu o debate na Europa por cá não foi exceção: o serviço militar obrigatório deve regressar? Segundo a sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN, este é o tema que mais divide os portugueses, ainda que a maioria concorde com o aumento da despesa nas forças armadas.
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A divisão é milimétrica e provoca um empate técnico: 47% dos inquiridos são a favor e 47% são contra o regresso do serviço militar obrigatório para os homens, segundo o barómetro que avalia a opinião dos portugueses em 17 temas distintos. Já quando as implicadas são as mulheres, a balança pende para o vermelho: 64% são contra o serviço militar para o sexo feminino, enquanto 29% é a favor da medida. A par deste indicador, a energia nuclear é o outro tópico dos quais a maioria discorda (64%).
Analisando com mais detalhe as posições assumidas pelos inquiridos, é possível concluir que quem mais defende o regresso da medida extinta há 20 anos são os próprios implicados, ao passo que as mulheres preferem que os homens não tenham essa obrigação. Ao contrário, a tendência também é inversa: são mais os homens que defendem o serviço obrigatório para as mulheres, que se assumem contra em maior número. Em ambos os casos, quem está a favor são as gerações mais velhas e quem está contra são os jovens. Os eleitores do Chega são os que mais defendem o serviço militar obrigatório para os dois sexos e os votantes na CDU são os que mais rejeitam a possibilidade.
Ainda sobre questões relacionadas com a Defesa, no contexto nacional e internacional, há uma maior aceitação dos inquiridos em temas como a despesa nas forças armadas (73% são a favor), a criação de forças armadas europeias (79% concordam) e o apoio militar de Portugal à Ucrânia (74% dão sinal verde).
Privatização da TAP divide homens e mulheres
A par do serviço militar obrigatório, a privatização da TAP é o outro tópico que gera discórdia: 49% são a favor e 39% são contra - o que dá um saldo positivo frágil, de apenas dez pontos - com uma diferença assinalável entre os sexos. Os homens são bem mais favoráveis ao abandono da companhia aérea da alçada do Estado do que as mulheres, numa diferença de 19 pontos. Ao contrário, os inquiridos do sexo feminino são quem mais condena a privatização. Por idade, a concordância vai diminuindo à medida que aumenta a faixa etária.
Noutro tópico relacionado, que se prende com a construção do aeroporto em Alcochete, o saldo entre os que votaram a favor e contra, de 22%, também não é dos mais consistentes. O outro tema onde não há uma clara orientação dos inquiridos é a regionalização: ainda que mais de metade esteja a favor (51%), 34% dizem “não”.
Aumento das reformas é indiscutível
Entre os temas que reúnem consenso alargado, o aumento das reformas e das pensões é indiscutivelmente o eleito. A esmagadora maioria dos portugueses (92%) é a favor da medida, com diferenças pouco significativas entre os sexos e as idades, ainda que naturalmente sejam os mais velhos a aplaudir. Os exames nacionais para todos os alunos do 12.º ano também agradam uma grande parte dos inquiridos (82%).
Sobre um dos temas que tem gerado mais debate, a imigração, 78% dos portugueses são da opinião que Portugal só deveria permitir a entrada de imigrantes que já tenham comprovativo de emprego. Neste indicador, a percentagem é proporcional à idade e à classe social: os mais velhos são os que estão mais a favor e os mais jovens os que mais estão contra; os mais ricos são os que mais rejeitam a medida e os mais pobres os que mais aprovam. Sem surpresas, os eleitores do Chega (92%) são os mais entusiastas da possibilidade.
Na Saúde, a maioria dos portugueses concorda com a obrigatoriedade de médicos e enfermeiros exercerem um serviço mínimo no serviço público (73% versus 22% contra) e com as parcerias público-privadas (PPP) na saúde (69% versus 24%). Sobre este último tópico, os mais favoráveis são os jovens, os mais ricos e os eleitores da Aliança Democrática.
Sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade do país. O trabalho de campo decorreu entre os dias 24 e 29 de março de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores portugueses recenseados e foi devidamente estratificada por género, idade e região. Foram realizadas 1626 tentativas de contacto, para alcançarmos 1000 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 61,50%. As 1000 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 3,16% para um nível de confiança de 95,5%. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social, que os disponibilizará para consulta online.