Um manifesto para que Luís Montenegro apresente uma "solução governativa à direita" é assinado por um grupo de sete militantes do PSD, entre os quais o ex-ministro Rui Gomes da Silva que, ao JN, defendeu um acordo com o Chega que passe por incluir este partido no Governo e fixar "limites" para travar algumas medidas.
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Os subscritores do manifesto acreditam que, sem este entendimento com o Chega, o país terá um Governo "sem estabilidade" e de curto prazo. Defendem, por isso, uma "solução governativa à direita, sem medos e muito menos condicionada por aquilo que deseja a extrema-esquerda".
Luís Montenegro vincou, durante o período de campanha eleitoral, que "não é não", no que concerne a entendimentos com o Chega, mas estes militantes consideram que o líder do partido deve "colocar Portugal em primeiro lugar" e entender-se com André Ventura.
O manifesto "é uma chamada de atenção aos dirigentes do PSD, nomeadamente ao líder do partido, é um apelo à realidade", disse ao JN Rui Gomes da Silva, sublinhando que os eleitores "querem um Governo estável para quatro anos". Para isso, diz que "é preciso estabelecer um acordo de Governo entre o PSD e o Chega" porque "qualquer outra força será irrelevante" na geometria parlamentar.
Questionado sobre se um entendimento na Assembleia seria suficiente, Gomes da Silva foi peremptório: "não acredito em acordos parlamentares. Teria de ser com o Chega no Governo".
"O que vale mais? A palavra de Luís Montenegro e o seu orgulho pessoal ou Portugal e os interesses do país?", perguntou depois o antigo governante, considerando que o líder do PSD deverá recuar na palavra que deu e dar "estabilidade" ao Governo. A seu ver, o presidente do partido deve reconhecer que se "enganou nos pressupostos".
Deste modo, defende que é preciso encontrar "uma plataforma comum" entre os dois programas eleitorais, estabelecendo "limites objetivos" contra medidas do Chega que considera inaceitáveis, como por exemplo "a pena de morte ou a prisão perpétua". A propósito, diz que também o PS fez a geringonça com o PCP e o Bloco, misturando "água com azeite" em matérias de âmbito europeu e internacional.
Os sete subscritores da carta são Rui Gomes da Silva (ex-ministro), Miguel Corte-Real (líder da bancada parlamentar do PSD na Assembleia Municipal do Porto), Paulo Ramalheira Teixeira (ex-presidente da Câmara de Castelo de Paiva), Manuel Pinto Coelho (médico), João Saracho de Almeida (economista), Susana Faria (economista) e Paulo Jorge Teixeira (deputado da Assembleia Municipal do Porto).