Trabalhadores do setor social pedem melhores condições salariais, horários de trabalho dignos, possibilidade de progressão na carreira e uma maior formação. Segundo a coordenadora da Comissão para a Igualdade da CGTP-IN, Fátima Messias, o Governo não tem assumido a sua responsabilidade no que toca ao setor.
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O debate "Elogiadas no apoio social/Esquecidas na valorização social", promovido pela Comissão para a Igualdade de Homens e Mulheres (CIHM) da CGTP-IN, juntou pessoas de vários pontos do país, esta quinta-feira, no Porto, com o objetivo de apontar soluções para os problemas do setor social. "Este setor precisa ser valorizado nos salários, nos horários, na formação profissional e na progressão de carreira", afirma Fátima Messias, coordenadora da CIMH.
O setor que assumiu uma maior relevância e visibilidade durante a pandemia precisa que sejam discutidas e criadas soluções para melhorar as condições de trabalho, defende Fátima Messias,. Segundo a coordenadora, são várias as propostas quem têm sido apresentadas ao Governo pelos sindicatos do setor ao longo dos anos. No entanto, "os vários governos não têm assumido o seu papel em termos de funções sociais do Estado". "E nós cá estamos para reclamar, para que esta situação mude de vez", ressalta.
Profissão de salário mínimo
Helena Martins, trabalhadora de uma instituição do setor social, afirma que os profissionais deste setor são "esquecidos por quem dirige as instituições e pelo Governo". Acrescenta que, apesar de trabalhar no setor há 32 anos, neste momento aufere o salário mínimo nacional. Para a coordenadora da CIMH, é urgente resolver a questão salarial de quem já está no setor e dos novos trabalhadores. "Qualquer pessoa que hoje vá para o setor, é o salário mínimo nacional que irá receber, assim nem sequer estamos a atrair os novos profissionais", afirma.
Para além da desvalorização salarial, o setor chama a atenção para a impossibilidade de progredir na carreira e para a sobrecarga de horários de trabalho. "Às vezes não temos quem nos substitua quando está na hora do turno acabar, chegamos a fazer turnos com mais de 12 horas", afiança Helena Martins, referindo que isto complica a gestão entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar. Fátima Messias acrescenta que é preciso um maior número de trabalhadores: "não se pode ter razões de queixa de lares ou de creches quando não há quem faça o serviço".
A falta de condições de trabalho e a falta de formação são também problemas por resolver. "Somos nós que integramos e formamos os novos trabalhadores", sublinha Helena Martins. Para além disto, a trabalhadora refere que é um trabalho duro, que já se tem feito sentir na saúde mental e física de muitos colegas.
Após o debate, onde marcaram presença cerca de 200 pessoas, Fátima Messias deixa em aberto a possibilidade de aprofundar, nos próximos tempos, questões relacionadas com a saúde mental e com a humanização do tratamento do cuidado.