A dois dias do início da segunda fase de desconfinamento, o balanço é encorajador, diz Temido. Os números descem e os testes em lares e creches estão concluídos ou em fase de conclusão. Nos próximos tempos, vai haver informação sobre doentes em domicílio recuperados.
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"Desacelerar a transmissão da infeção" e "manter capacidade do sistema de saúde" foram objetivos "genericamento cumpridos"
Chegando ao fim da 11.ª semana desde o primeiro caso de covid-19 em Portugal, e duas semanas depois da saída de um confinamento cujos objetivos "foram genericamente cumpridos", os sinais "mantêm-se encorajadores", apontou a ministra da Saúde, na conferência de imprensa deste sábado. Na média dos últimos cinco dias, detalhou, o número de novos casos foi de 200, o número de óbitos de 12, as transmissões (índice R) de 0,97 e os doentes internados de 570, dos quais 110 em cuidados intensivos. "Quase todos os indicadores epidemiológicos apresentam tendência decrescente ou pelo menos estável", disse Temido, ressalvando que ainda não é possível observar todos os efeitos das decisões tomadas, "pelo que é imprescindível manter a monitorização sistemática dos vários indicadores" e continuar a fazer um desconfinamento gradual.
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Recuperados atualizados nos próximos dias
Quanto ao ainda reduzido número de doentes recuperados, referido pelo "Jornal de Notícias", a diretora-geral da Saúde lembrou que os dados atuais se baseiam só nas informações relativas aos doentes em internamento hospitalar, que têm de apresentar "dois testes negativos". Para os mais de 80% de infetados acompanhados em casa, os dois critérios para a recuperação - a remissão de sintomas e a realização de um teste negativo - estão a ser verificados pelos médicos de Medicina Geral e Familiar, que submetem numa plataforma a informação de que o doente chegou ao fim dos 14 dias sem sintomas e com teste negativo. "Esse trabalho está a ser feito", sendo que "dentro de poucos dias", a informação sobre os casos seguidos em domicílio vai ser revista em alta, assegurou Graça Freitas, com Marta Temido a corroborar a atualização, mas a falar em semanas.
Mais velhos e mais pobres estão mais expostos
Destacando a "importância do regresso da possibilidade de visitas" em lares, a ministra admitiu que a pandemia não atinge de igual forma todos os portugueses, sendo que "os de menores rendimentos e os mais velhos têm estado mais expostos". A retoma das visitas, permitida a partir de segunda-feira, estará condicionada pelo "importante cumprimento de regras simples e indispensáveis", sendo que todas as instituições têm um plano para operacionalizar as visitas e um profissional responsável. O "agendamento prévio", "o registo de visitantes" (caso venha a ser preciso fazer uma identificação posterior), a escolha de um lugar "amplo" e "o mais arejado possível" para as visitas, devendo evitar-se espaços comuns e quartos (excetuando para utentes acamados), foram as normas destacadas por Temido, que anunciou a distribuição, nos próximos dias, de 418 tablets para o contacto entre idosos e familiares.
Testes em lares e creches em fase de conclusão
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Nos últimos cinco dias foram feitos, em média, 15 mil e 800 testes de diagnóstico diários, com o pico a registar-se a 13 de maio, com 17 mil e 530, "muitos" dos quais realizados em creches e lares, apontou Temido, detalhando que as operações de testagem nessas instituições já terminaram ou estão a terminar, dependendo da região. No Norte, os testes em lares estão "concluídos" e em creches "quase concluídos", à semelhança do cenário no Centro. Em Lisboa e Vale do Tejo, a ação em lares termina este sábado e nas creches a 22 de maio; no Alentejo, estão concluídos os lares, prevendo-se a conclusão nas creches também na sexta-feira; e no Algarve, as ações acabam este fim de semana.
Confrontada com a posição da Ordem dos Enfermeiros, que pôs em causa a garantia, dada ontem pelo secretário de Estado da Saúde, de que todos os profissionais de saúde em contacto com infetados foram testados, Marta Temido diz que "não há motivos" para duvidar, até porque contactar com um caso positivo é um dos critérios para fazer o teste. "Estou em crer que todas as estruturas terão respeitado as nossas orientações e vamos avaliar o que possa estar a suscitar esta questão", acrescentou.
Quanto ao início da época balnear, a ministra da Saúde complementou o que já ontem foi anunciado, dizendo que "é preciso respeitar um conjunto de medidas", como a sinalização da ocupação das praias, o distanciamento físico, no areal, no mar e nos acessos, e o distanciamento entre equipamentos balneares.