A greve nos comboios teve esta quarta-feira uma adesão de quase "100%". O coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) garante ao JN que a paralisação só será suspensa se o Governo der garantias de que o acordo alcançado com a CP, no dia 24 de abril, será integralmente cumprido.
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A greve, convocada até 14 de maio por diversos sindicatos, suprimiu "todos os comboios" previstos para hoje, garante o coordenador da FECTRANS, José Manuel Oliveira. Sem serviços mínimos decretados, milhares ficarem sem meio de transporte para ir trabalhar ou dependentes apenas dos autocarros. O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, acusou os sindicatos de terem parado o país por "interesses políticos". A atualização das tabelas salariais é a principal reivindicação.
“O ministro tem de ter em conta que nós estamos a reivindicar um acordo que foi feito no dia 24 de abril. Não se percebe porque é que dois dias depois, a CP diz que não o pode aplicar porque não tem aval do ministro”, alega José Manuel Oliveira.
O coordenador da FECTRANS considera que o Governo tem nas mãos a resolução do problema e até a suspensão da greve. "Só tem de dar indicações à CP para que sejam retomadas as negociações", afirma José Manuel Oliveira, insistindo que os sindicatos precisam de garantias todos os pontos previstos no acordo já assinado com a empresa serão cumpridos "independentemente do resultado eleitoral". "Não podemos correr o risco de voltar à estaca zero", frisa.
Esta terça-feira, o ministro sublinhou que o Governo em gestão tem poderes limitados e, por isso, não pode ultrapassar a barreira de 4,7% de aumento da massa salarial. Na véspera da paralisação, Miguel Pinto Luz apelou à desconvocação da greve e anunciou uma proposta de aumentos de 5,75 milhões de euros.
"Não houve empenho suficiente"
José Manuel Oliveira assegura que a proposta corresponde a um dos pontos do acordo e que os sindicatos precisam de garantias em relação aos outros. Sobre as acusações de instrumentalização política da greve, realizada em período eleitoral, o coordenador da FECTRANS defende que a paralisação foi marcada após a posição do Governo em relação ao acordo.
"Não houve empenho suficiente. O ministro transformou um problema laboral que pode ser revolvida num tema da campanha", afirmou José Manuel Oliveira, considerando que o Governo se está a vitimizar e a usar os passageiros contra os trabalhadores.
A greve entrou na campanha. André Ventura critica o Governo por não ter negociado mais cedo de modo a evitar a paralisação.
“Até é estranho que o Governo, noutros setores, optou até por fazer uma negociação mais atempada e aqui deixou simplesmente as coisas correrem. Provavelmente porque sentiu que não havia assim tantos votos em disputa, num setor que não é assim tão numeroso, isso é uma falha grave até de cálculo político, porque podem não ser muitos em número, mas têm um impacto social de infraestrutura muito grande e isso foi um erro que hoje estamos a pagar hoje, no dia de hoje, e que é a responsabilidade do Governo”, defendeu Ventura. O Chega admite a privatização da CP.
Já Paulo Raimundo acusou o Governo de ser "o único responsável" pela greve. O secertário-geral da PCP pediu ao ministro das Infraestruturas que não "perca tenpo" com a campanha e se dedique a resolver os problemas.
“[Os sindicatos] conseguiram parar o país por interesse político e tem a ver com o ‘timing’ em que estamos, em eleições”, defendeu Miguel Pinto Luz,