Linha SNS 24 recebeu mais de 1,4 milhões de contactos, tantos quantos nos primeiros seis meses da pandemia. Espera subiu para oito minutos.
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Janeiro foi o mês de todos os recordes em contexto de pandemia. Com Portugal entre os países do Mundo com mais novas infeções diárias, a procura pela Linha SNS 24 disparou. Foram 1433 milhões de chamadas recebidas. Sob forte pressão, por atender ficaram 338 mil chamadas, 23,6% do total, com o pior desempenho desde o início desta crise sanitária.
De acordo com os dados publicados no Portal da Transparência do SNS, em janeiro passado a Linha recebeu, em média, 46,2 mil chamadas todos os dias. Das quais 10,9 mil não foram atendidas. O tempo médio de espera também piorou, ultrapassando os oitos minutos.
Numa análise à atividade operacional do SNS 24, verifica-se que, naquele mês, chegaram ao 808 242 424 tantas chamadas como nos primeiros seis meses da pandemia (abril a setembro). O máximo de chamadas recebidas, refira-se, tinha sido atingido em novembro, com 936 mil, quando assistíamos ao pico da 2.ª vaga.
Pior taxa de atendimento
Janeiro fecha, assim, com a pior taxa de atendimento desde, pelo menos, abril. Naquele mês, 76,4% das chamadas recebidas foram atendidas. De notar, sublinhe-se, que desde novembro os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) passaram a calcular uma taxa de atendimento revista, isto é, descontando as "chamadas abandonadas na sequência da audição de guia de dissuasão". Em janeiro, ficou nos 81,78%, a mais baixa também.
Quanto aos tempos médios de espera, no mês em análise dispararam para 503 segundos, superando o pior registo até então: novembro, com 364 segundos. Refira-se, também, que foi a partir de novembro que aquele centro de contacto do SNS passou a emitir declarações provisórias de isolamento profilático.
Apoio psicológico
Já a procura por aconselhamento psicológico registou um total de 6697 chamadas em janeiro, 8% das quais de profissionais de saúde. Desde abril que a SNS 24 passou a disponibilizar uma Linha de Apoio Psicológico, com a procura a registar um máximo em outubro, com 7649 contactos.
Face à dimensão desta 3.ª vaga e ao aumento da procura, a Ordem dos Médicos veio defender a autonomização da linha, uma vez que não é exclusiva covid.
O JN tentou ouvir a SPMS, sem sucesso.
À margem
Infeções a descer
Portugal fechou o mês de janeiro com uma média diária de 9861 novos casos de infeção por SARS-CoV-2, das mais altas incidências em termos mundiais. Com um novo confinamento, há seis dias consecutivos que estamos abaixo dos mil casos. De acordo com o boletim de sexta-feira da DGS, registaram-se mais 28 óbitos. Os internamentos em enfermarias estão ao nível mais baixo dos últimos 131 dias e em Cuidados Intensivos dos últimos 113.
Rt inferior a janeiro
O índice médio de transmissibilidade (Rt) do SARS-CoV-2 está nos 0,71 em Portugal continental, representando uma tendência decrescente face a janeiro, Açores e Madeira estão acima de 1.