Estudo do Instituto de Medicina Molecular mostra que 1,7 milhões de portugueses tiveram contacto com o vírus por infeção natural ou com a vacinação. Nível de anticorpos elevado após seis meses.
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Os anticorpos contra a covid-19, quer por infeção natural, quer pela vacinação, já chegaram a cerca de 1,7 milhões de cidadãos em Portugal, mas ainda se está longe de alcançar a imunidade de grupo.
O cálculo é feito pelo Painel Serológico Longitudinal, um estudo de seguimento do primeiro painel nacional, realizado em setembro de 2020, pelo Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, com financiamento da Sociedade Francisco Manuel dos Santos e o Grupo Jerónimo Martins. Os novos dados foram recolhidos entre 1 e 17 de março deste ano.
Os investigadores concluíram que 17% da população (1,7 milhões calculados sobre os números da população em 2019 do INE: 10 295 909) têm anticorpos para o SARS-CoV-2. A percentagem baixa para 13% (1,3 milhões) quando só são tidas em conta as pessoas que tiveram infeção natural.
Segundo Bruno Santos, investigador principal do estudo, "as 2ª e 3ª vagas de covid-19 multiplicaram em cerca de seis vezes a proporção de portugueses que foram infetados com SARS-CoV-2", mas os números atingidos ficam muito aquém dos "almejados" 70% necessários para a imunidade de grupo. O especialista sublinhou "a importância crítica da vacinação para tal objetivo".
Na distribuição geográfica não se verificam grandes diferenças nas percentagens de população com anticorpos entre as que vivem em regiões com alta, média ou baixa densidade populacional. Na população não vacinada, 14% tinham anticorpos nas regiões de alta densidade, 12% nas de média ou baixa. No total da população, 18% tinha anticorpos nas zonas de alta densidade e 17% nas de média ou baixa.
Por idades já se verificam algumas discrepâncias. Enquanto nos menores de 18 anos a percentagem é a mesma (15%) na faixa entre os 18 e os 55 anos, 14% da população tinha imunidade por infeção natural. Mas subiu para 21% quanto é contabilizada a população total, integrando as pessoas que foram vacinadas. Já na faixa a partir dos 55 anos, a percentagens são de 11% e 14%, respetivamente.
Seis meses de imunidade
A investigação permitiu também concluir que os níveis de anticorpos detetados têm "valores muito semelhantes aos verificados há seis meses", nos casos de infeção natural, e que nas pessoas após vacinação os valores também são "muito elevados".
De salientar ainda que a estimativa de pessoas infetadas é 1,7 vezes maior do que o número de positivos diagnosticados. A 15 de fevereiro, os dados da Direção-Geral da Saúde indicavam um total de 787 059 infeções. As estimativas dos investigadores apontavam para 1 339 000 infetados.