No final de 2019, 27 mil doentes aguardavam operação há mais de um ano, um aumento de 27% face a 2018.
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O objetivo, traçado em 2019, pelo Ministério da Saúde era claro: terminar o ano sem doentes à espera de cirurgia há mais de um ano, com a aplicação de medidas concretas nas especialidades mais críticas. Só 20% dos hospitais cumpriram e o problema agravou-se. No final de 2019, havia 27.279 utentes a aguardar por cirurgia há mais de um ano, mais 27% do que em 2018.
Os dados constam do relatório anual sobre o acesso a cuidados de saúde nos estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e entidades convencionadas 2019, a que o JN teve acesso. Sublinhe-se que o documento se refere ao ano passado, não refletindo os efeitos da pandemia covid-19 no acesso aos cuidados de saúde.
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Conter crescimento
"Cerca de 20% dos hospitais terminaram o ano sem doentes à espera para cirurgia com mais de um ano, 45% mantinham esta realidade circunscrita a especialidades específicas e os restantes continuavam a perseguir o objetivo traçado, registando ainda melhorias em diversas especialidades", pode ler-se no relatório. Apesar do aumento de 27% de utentes à espera de cirurgia há mais de um ano, o Ministério da Saúde conclui que o plano permitiu conter "o ritmo de crescimento" da espera prolongada para cirurgia.
O mesmo Plano de Melhoria do Acesso ao SNS ambicionava resolver os pedidos de primeira consulta com mais de um ano. Foi atingido por "cerca de metade dos hospitais", registando-se uma diminuição de "cerca de 40 mil utentes em espera para consulta CTH [Consulta a Tempo e Horas] com mais de um ano (-38,9%)", refere o documento, sem especificar quantos utentes estavam naquela condição no final de 2019.
Ainda no plano das cirurgias, o relatório mostra um aumento da procura no ano passado, com mais 18 mil utentes inscritos face ao ano anterior (2,6%) e um aumento dos doentes operados (mais 33 mil), num total de 628.282.
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A maior parte das cirurgias foram realizadas nos hospitais do SNS (89,4%), sendo as restantes 6,1% nos hospitais protocolados e 4,5% nos convencionados, que pertencem ao setor privado ou social.
Para estes últimos são transferidos os utentes que ultrapassam os tempos máximos de resposta garantida (TMRG), através de uma nota de transferência ou vale cirurgia, respetivamente. Porém, na maioria das situações esta possibilidade é recusada pelos doentes. Em 2019, foram cativados 19% dos 249.962 vales/notas emitidos.
704 mil cirurgias realizadas no SNS em 2019, num total de 628 282 doentes operados (+5,6%). No Norte, os doentes operados subiram 7%; no Algarve diminuíram 2%.
730 mil utentes terminaram 2019 sem médico de família, mais 40 mil do que no mesmo período do ano anterior, revela o último relatório de acesso aos cuidados de Saúde.
Exercício físico
Menos de um quarto dos utentes (23%) avaliados nos cuidados primários atinge a recomendação de, pelo menos, 150 minutos semanais de atividade física de intensidade moderada. O nível médio de atividade física entre os avaliados é de 89 minutos por semana.
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Deixar de fumar
Apesar do aumento dos locais de consulta de apoio à cessação tabágica, o número de consultas nos cuidados primários e hospitais baixou em 2019 (5,6%).
Menos dadores
O número de dadores de sangue que efetuaram dádiva diminuiu 1,4% em 2019 face ao período homólogo.