Inquérito nacional realizado em 2014 junto da população reclusa mostra que 79,8% declaram nunca usar preservativo no contexto de visitas íntimas. Quanto ao consumo de substâncias psicoativas dentro da cadeia, a mais consumida é a cannabis - 18,8%.
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O inquérito nacional sobre comportamentos aditivos em meio prisional, realizado no ano passado junto de 2669 reclusos, revela que "79,8% dos inquiridos declaram nunca usar preservativo no contexto de visitas íntimas e 72,1% nunca utilizam noutros contextos". Um "retrocesso relativamente a 2001 (46,8%) e 2007 (35,2%)", sublinham. Isto sabendo-se que "3,8% dos inquiridos é portador/a de VIH/SIDA", valor que compara, no entanto, com os 10% e 16,3% registados, respetivamente, em 2007 e 2001.
O estudo foi promovido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, em articulação com a Direção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais, e realizado pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. E no que diz respeito a comportamentos de risco na transmissão de doenças infeciosas mostra ainda que - e apesar do decréscimo, para 1,1%, em 2014, dos consumos por via injetável na prisão - 1,8% dos detidos já partilharam agulhas/seringas com outros reclusos na cadeia. E entre a população reclusa consumidora, 2,1% já teve uma overdose na cadeia.
Analisando o consumo de substâncias psicoativas constata-se que 69,1% dos reclusos já consumiram alguma vez na vida e que na cadeia a cannabis é a droga mais consumida (18,8%), seguindo-se os hipnóticos/sedativos sem receita média (6,4%), a heroína (5,3%) e a cocaína (5,1%). E daqueles 69,1%, "47,9% declarou ter consumido na prisão", pode ler-se no documento apresentado esta sexta-feira em Lisboa.