A vespa velutina, conhecida como vespa-asiática, continua a ganhar terreno no país e, atualmente, só os distritos de Beja e Faro escapam à praga.
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De acordo com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, entre 2014 e 22 de setembro deste ano, foram observados 59 816 ninhos, dos quais 5669 só este ano, com Aveiro, Coimbra e Porto a liderar o número de novos casos. Ao todo, foram destruídos 53 797 ninhos.
A presença da espécie em Portugal foi confirmada em Viana do Castelo, em 2011, e desde essa altura tem vindo a expandir-se, sobretudo ao longo do litoral, tendo sido identificados, no verão do ano passado, os primeiros ninhos em Lisboa. Este ano, o distrito de Évora registou o primeiro caso, no concelho de Vendas Novas, de acordo com a plataforma STOP Vespa - anteriormente designada por SOS Vespa -, que congrega as ocorrências identificadas por cidadãos e municípios. Foi criada em 2015, mas ainda agregou informação de 2014.
Prevenção
José Aranha, investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e membro do projeto GO Vespa, está convencido de que a prevenção teria evitado uma progressão "tão rápida". "Quando apresentámos o primeiro mapa de distribuição potencial, em 2012, a ideia era procurar ninhos nas zonas potenciais e apanhar as vespas antes de formarem novos ninhos. Se cruzarmos dados até 2016, 80% dos ninhos estão nas zonas que identificámos", afirma o especialista, sublinhando que o trabalho alertava, também, para a necessidade de se controlar o transporte de mercadorias.
José Aranha explica que, de forma natural, esta predadora de abelhas apenas teria capacidade de se expandir entre seis e dez quilómetros por ano, o que significa que, nesta altura, não teria ultrapassado o Norte do país. "Mas há uma dispersão artificial feita pelo homem. Se deteto um ninho num local afastado, mais longe do que a capacidade de voo do inseto, ele teve de ser levado para lá", sustenta.
Certos de que a "armadilhagem no inverno e primavera é o método mais eficaz para reduzir a presença" da praga, os investigadores da UTAD estão a desenvolver uma solução tecnológica económica para identificar ninhos e destruí-los em tempo útil. Trata-se de um emissor, colocado no dorso da vespa, que estará ligado a um radar marítimo. "Quando ativamos o radar, podemos analisar o que está à nossa volta", explica.