Os líderes partidários têm melhor votação quando jogam em casa. Apenas Paulo Raimundo não conseguiu, no seu concelho, um resultado superior à média nacional do partido nas eleições do passado dia 18. Quem venceu na terra-natal foram Luís Montenegro e André Ventura.
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Em Espinho, a terra de Luís Montenegro, a AD venceu de forma categórica, com 40% dos votos. Este concelho do distrito de Aveiro esteve no centro da campanha, pois é sede da Spinumviva e são de lá alguns dos seus clientes. A campanha socialista também passou por lá entusiasmada, mas o feito não se traduziu em votos e o PS alcançou apenas 25,4% dos votos no concelho. O Chega ficou em terceiro (15,6%).
Ali perto, em São João da Madeira, Pedro Nuno Santos também teve melhor resultado do que a média nacional do PS: 30,3% contra 23,4%. No entanto, quem ficou à frente em São João da Madeira foi a AD, com 32,9%. O Chega foi de novo terceiro (17%).
Recorde-se que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos foram ambos cabeças de lista pelo círculo eleitoral de Aveiro. Deste duelo saiu vencedora a AD, que elegeu sete deputados pelo distrito aveirense, os mesmos de 2024. O PS conseguiu quatro eleitos e perdeu um para o Chega, que também elegeu quatro. A IL manteve o deputado que tinha desde 2024.
Sintra de Ventura virou à Direita
Mais a sul, no concelho de Sintra, de onde é André Ventura, o Chega saiu vencedor. Este partido teve 26,1% em Sintra, acima do resultado nacional que foi de 22,6%. O concelho de Sintra é tradicionalmente dominado pelo PS, mas virou à Direita e o Chega venceu. Inclusive em Algueirão-Mem Martins, a freguesia onde nasceu Ventura. No concelho, a AD ficou em segundo (24,8%) e o PS em terceiro (23,8%). “Ganhámos em Sintra”, regozijou-se André Ventura, no discurso da noite eleitoral, salientando o feito outrora impensável, enquanto a turba efervescente gritava “já passámos”.
Em Braga, a terra de Rui Rocha, os eleitores votaram em força na IL, dando-lhe 9,5%. Está bem acima da média da IL no país, que foi de 5,5%. Na Cidade dos Arcebispos quem ganhou foi, no entanto, a AD (31,7%), seguida pelo PS(23%) e pelo Chega (21%).
Em Lisboa (concelho), a tese da vantagem na terra natal continua a confirmar-se. São dali Rui Tavares e Inês Sousa Real e também tiveram, na capital, melhor resultado do que a média nacional. No caso do Livre, o resultado no concelho de Lisboa foi de 9,4%, bem acima da média nacional de 4,2% que o partido alcançou. Já Inês Sousa Real conseguiu 1,68% dos votos em Lisboa e o resultado nacional do PAN foi de 1,36%, ligeiramente abaixo.
No concelho lisboeta ganhou a AD (31,7%), seguida pelo PS (23,3%) e pelo Chega (14,5%).
Raimundo é a única exceção
A consulta dos resultados eleitorais permite perceber que nove dos dez líderes partidários conseguiram, nas suas terras, um resultado acima da média do seu partido. Como sempre há uma exceção e desta vez foi Paulo Raimundo. O secretário-geral do PCP é de Cascais e neste concelho obteve apenas 2,39% dos votos, quando a média nacional da CDU foi 3%.
Destaque ainda para o resultado de Mariana Mortágua em Alvito, no distrito de Beja, onde a líder bloquista nasceu. O BE até teve neste concelho uma votação de 3,1%, superior ao resultado de 2% do partido no país, mas viu o Chega a ficar em primeiro neste território. O partido de André Ventura alcançou 28,3%, o PS 27% e a AD 20,8%. Ainda no Alvito, a CDU ficou em quarto e o BE foi quinto, sendo que Mariana Mortágua apenas teve 37 votos na sua terra natal. O número total de eleitores foi de 1205.
No arquipélago da Madeira, mais concretamente no concelho de Santa Cruz, os eleitores favoreceram o JPP. O partido fundado pelos irmãos Élvio Sousa e Filipe Sousa elegeu um deputado pelo círculo da Madeira e teve em Santa Cruz um honroso segundo lugar. Filipe Sousa, o candidato recém-eleito que promete ir para Lisboa defender os interesses do povo madeirense, chegou aos 24,6% em Santa Cruz, bem acima dos 0,3% que teve no país.
Há ainda outro líder partidário que foi eleito, Nuno Melo, do CDS-PP, que não era candidato a primeiro-ministro. É de Vila Nova de Famalicão, bastião laranja que não virou as costas à AD e deu a vitória à coligação do CDS com o PSD, com 36,2%. Está acima da média nacional. Em Famalicão, o segundo lugar foi para o PS, que teve 24,6%, e o terceiro posto para o Chega, que alcançou 21,9% dos votos.