Portugueses escolheram Mário Soares (33%), Salgueiro Maia (31%) e Marcelo Rebelo de Sousa (19%), respetivamente, como as figuras políticas e militares mais importantes do 25 de Abril e período de transição, e como figura política mais importante das últimas décadas, revela sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF.
Corpo do artigo
O militar de Abril
O homem que, na madrugada do 25 de Abril liderou uma coluna de cavalaria, a partir de Santarém, o capitão que obteve a rendição de Marcelo Caetano, no Largo do Carmo, em Lisboa, o homem que recusou lugares no novo regime, continua a ser a figura de referência desse “dia inicial inteiro e limpo”, e dos que se seguiram, para 31% dos portugueses. Salgueiro Maia venceu quase todos os segmentos da amostra (regiões, género, idade, classes sociais e voto partidário), com duas exceções: os inquiridos com 65 ou mais anos preferiram Ramalho Eanes, e os que votaram no PAN escolheram António Spínola, o primeiro presidente da República, forçado ao exílio depois do golpe abortado do 11 de Março. O Capitão de Abril foi o mais votado entre os eleitores de todos os outros partidos, incluindo os do Chega (37%), que admiram mais Salgueiro Maia dos que os da AD e PS (34%). Em segundo lugar, ficou Ramalho Eanes (18%), cujo papel foi central o 25 de Novembro, e depois Otelo Saraiva de Carvalho (12%), António Spínola (6%) e Ernesto Melo Antunes (5%).
O político da Revolução
O que começou por ser um golpe de Estado, evoluiu para uma Revolução. E aos militares juntou-se uma nova classe política, que assegurou a transição para uma democracia representativa. Várias personalidades se destacaram, mas antes de todos Mário Soares, que foi considerado nesta sondagem como o político mais importante desses primeiros anos (33%), embora com escassa margem de vantagem sobre Francisco Sá Carneiro, o fundador do PPD/PSD (27%). Quando se analisam os resultados por regiões, Soares é o preferido no Centro, Lisboa e Sul, enquanto Sá Carneiro vence no Norte e no Porto. Por faixas etárias, o social-democrata conquista os dois primeiros escalões (até aos 49 anos), enquanto o socialista recebe a preferência dos mais velhos. Nos segmentos de voto, há um empate entre os eleitores do BE, Sá Carneiro vence na AD e no Chega e Soares nos restantes. Note-se que o comunista Álvaro Cunhal (10%) ficou em terceiro, mas em primeiro nos que votam CDU. E que 14% dos eleitores do Chega também o escolheram.
O político da Democracia
Foi só em meados dos anos 80 que a democracia estabilizou. Várias personalidades se destacaram nesses 40 anos, como presidentes da República ou chefes do Governo. O que fica com o título de político mais importante das últimas décadas foi Marcelo Rebelo de Sousa (19%), três pontos acima de António Costa (16%) e cinco de Cavaco Silva (14%). Logo depois ficaram António Guterres (13%) e Jorge Sampaio (12%). Num cenário de grande dispersão, o atual presidente foi o preferido entre as mulheres (23%) e os mais jovens (22%), mas entre os homens (21%) e os mais velhos (22%) venceu o ex-primeiro-ministro António Costa. No que diz respeito aos segmentos por voto partidário, Marcelo não venceu entre o eleitorado da AD (23%), que preferiu Cavaco Silva (33%). O atual inquilino de Belém ficou em primeiro, isso sim, entre os eleitores do Chega (21%), que se distribuíram ainda por Cavaco (18%), Sampaio (15%), Guterres (11%) e até Costa (8%). Este último venceu entre os socialistas (29%), que também não esqueceram Sampaio (22%) e Guterres (18%).