
Estudo recomenda formação e apoios tutoriais aos professores para se aprofundar a literacia em avaliação
Arquivo Global Imagens
A avaliação deve não só servir para aferir os conhecimentos adquiridos pelos alunos, mas também ser um instrumento para melhorar as aprendizagens. Em Portugal, frisa um estudo divulgado esta segunda-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, testes e exames são "sobrevalorizados" o que acaba por fragilizar o ensino, especialmente no Secundário.
Corpo do artigo
"A sobrevalorização dos resultados da avaliação sumativa e classificatória para acesso à universidade em Portugal é um fator que fragiliza o recurso à avaliação formativa, sobretudo na educação secundária", lê-se no estudo "Avaliação das Aprendizagens em Instituições Educativas", pedido pela Fundação ao antigo ministro da Educação Júlio Pedrosa.
Mais do que testes e exames (avaliação sumativa), a Lei de Bases do Sistema de Ensino determina que a modalidade de avaliação que deve ser privilegiada é a formativa, feita com base na recolha diversificada de elementos sobre o que os alunos estão a aprender e o que melhoraram. Ora o problema, insiste o estudo é que com a sobrevalorização da avaliação sumativa, a formativa fica condicionada. Pelo que uma das mudanças defendidas é a formação nesta área de docentes.
"A avaliação formativa sendo adotada com frequência apresenta dificuldades e exigências de formação de educadores, de professores e de outros agentes educativos. A literacia sobre avaliação de aprendizagens é, pois, um fator crítico para que a sua implementação seja eficaz, sendo necessário escolher estratégias de formação destes atores e de outros grupos interessados", conclui a investigação.
O sistema de ensino português deve, por exemplo, recomenda o estudo, refletir e integrar os resultados das avaliações internacionais, como o PISA. Uma das recomendações é a aprovação de um plano nacional para o desenvolvimento da Avaliação das Aprendizagens que promova uma adequada articulação entre as duas modalidades (Formativa e Sumativa). Outras são, por exemplo, que a formação inicial e contínua de educadores e professores inclua "uma base teórica e sólida" sobre esta temática e que sejam instituídos apoios tutorias para docentes.
"A avaliação pode ser uma força poderosa no apoio à aprendizagem e um mecanismo de capacidade individual, podendo apoiar os alunos de todas as idades, situados nos diversos níveis educativos, a tornarem-se mais conscientes dos seus pontos fortes e dos pontos fracos e dos modos de os melhorar. A avaliação pode fornecer um mapa e um caminho de aprendizagens a percorrer, resultado da colaboração entre professores, alunos e as famílias", lê-se no estudo.
A investigação, que será debatida hoje ao final da tarde na Fundação, em Lisboa, descreve as práticas de avaliação aplicadas do Pré-Escolar ao Secundário, ou seja, dos três aos 18 anos, tanto em Portugal como noutros países. Por exemplo, na Finlândia que tem dos melhores resultados na avaliação internacional entre os países da OCDE, o ingresso no 1.º ciclo é aos 7 anos após um ano obrigatório de Pré-primária. O primeiro exame é no final do Secundário. "Escolas e professores têm muita liberdade para estruturar os seus próprios currículos e as formas de ensinar".

