Sobrinho Simões: "Se arrebentarmos com o SNS, vamos passar a ter muitas dificuldades"

Aos 78 anos, o médico patologista continua a liderar o IPATIMUP, no Porto
Foto: Leonel de Castro
Soube cedo que queria ser médico, mas tinha "muito receio" de ser clínico. Incapaz de lidar com o sofrimento dos outros, a vida encaminhou Manuel Sobrinho Simões para o microscópio. Eleito em 2015 o patologista mais influente do Mundo, continua, aos 78 anos, à frente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), instituição que fundou em 1989. A 13 de janeiro, Sobrinho Simões volta à estrada com a quinta edição da iniciativa "Tratar o cancro por tu".
Anos antes de se reformar, disse estar "aterrorizado" com essa nova fase da vida. Tendo em conta que trabalha todos os dias, continua a ter receio de parar?
Eu tive um medo do caraças da reforma. Porque num ano, entre setembro de 2017 e maio de 2018, aconteceram-me três coisas gravíssimas: tive a rutura de um aneurisma, adormeci na autoestrada e despistei-me numa bomba de gasolina, depois tive um AVC que me afetou a linguagem. Fui muito ajudado e correu tudo bem, mas sofri muito. Fala-se muito da dependência das drogas e do tabaco, eu tenho uma dependência do trabalho. Não é nenhuma qualidade. Eu não consigo parar.

