Sociedade de Pneumologia lança estudo para doenças pulmonares a partir dos 20 anos
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia lançou, esta quinta-feira, um estudo para determinar a incidência da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) em Portugal. Esta é a primeira investigação epidemiológica, no mundo, a incluir pessoas a partir dos 20 anos.
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"A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica é a doença respiratória mais prevalente e uma das maiores causas de mortalidade. É a quinta causa de mortalidade em Portugal e a terceira a nível mundial", afirma António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).
O estudo "EpiCOPDpt", lançado esta quinta-feira pela SPP no 39º Congresso de Pneumologia, tem como objetivo perceber qual a prevalência da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica em Portugal e as diferenças a nível regional. A investigação será realizada a nível nacional, tanto no Continente como nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, e irá abranger nove mil pessoas, incluindo jovens a partir dos 20 anos.
"A doença sempre teve relação com causa do tabaco, mas recentemente tem-se verificado que existem indivíduos mais novos que, pelo seu desenvolvimento deficiente, apresentam risco de desenvolverem a DPOC mesmo sem o consumo tabágico", explicou o pneumologista. Acrescenta, ainda, que é por isso importante dar atenção a uma faixa etária mais jovem apesar de a doença se desenvolver de "forma mais rara em indivíduos abaixo dos 40 anos", sendo que é o primeiro estudo, a nível mundial, a incluir pessoas mais jovens.
A importância das espirometrias
O estudo, que irá iniciar-se na primavera do próximo ano, vai submeter os nove mil indivíduos a espirometrias, o exame que permite diagnosticar a DPOC, e a inquéritos, que vão permitir obter informações muito significativas acerca da saúde respiratória dos portugueses.
"O programa da rede de espirómetros é absolutamente crucial. É um exame em que os serviços de pneumologia podem prestar apoio e, efetivamente, é absolutamente incontornável a presença de espirometrias para o incremento da saúde do respirador e para colocar o diagnóstico desta doença, anualmente, mais próxima da realidade", garante António Morais.
Além disso, o presidente da SPP explica que o estudo irá permitir alargar as informações a várias doenças respiratórias em Portugal. "Este estudo, quer para a SPP, quer para a saúde respiratória, é absolutamente um marco. Depois disso será completamente diferente a nosso conhecimento e, consequentemente, a nossa abordagem aos problemas de saúde respiratória", afirma o médico pneumologista.
O tabagismo é uma doença
O 39º Congresso de Pneumologia, que começa hoje e termina dia 11 de novembro, decorre no Algarve e tem entre os principais temas o rastreio do cancro do pulmão e as medidas antitabágicas. "Por ano, há oito milhões de mortes em todo o mundo e 60 mil em Portugal relacionadas com o tabaco. Este é o maior problema de saúde pública", alerta o presidente da SPP.
Segundo explica o pneumologista, a maior parte das doenças respiratórias tem uma associação muito forte ao tabagismo e a maior medida de prevenção é "contrariar a possibilidade de alguém começar a fumar e de continuar o tabagismo".
No entanto, assume que é difícil sensibilizar as pessoas para o facto do tabagismo ser uma doença. "O tabagismo tem implicações imediatas na saúde quando o indivíduo está a fumar, como a doença cardíaca, alterações da resposta inflamatória e, por outro lado, cria uma dependência. Portanto, traduz-se numa doença", explica. O presidente da SPP deixa ainda o alerta: "Nós não queremos afetar a liberdade individual de ninguém, queremos combater uma doença".