Curso inovador, lançado em outubro com 20 vagas, abordará também a homossexualidade.
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O Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, em Braga, abre em outubro, com 20 vagas, um mestrado sobre Sociologia do Género e da Sexualidade, o primeiro no país, "uma oportunidade de consolidação da investigação na área, de resposta às necessidades de estudantes e profissionais e de captação de novos públicos".
Em Portugal, há outros dois mestrados com temática semelhante: um, intitulado Família e Género, é ministrado no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa e outro, intitulado Estudos sobre as Mulheres: As mulheres na sociedade e na cultura, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Sobre a razão pela qual a Universidade do Minho decidiu abrir este mestrado, a docente diz que "os estudos realizados em Portugal ou sobre o caso português mostram que quer a igualdade de género, quer a não-discriminação em função da identidade de género e da orientação sexual estão longe de serem dados adquiridos. Persistem formas múltiplas de desigualdade e de discriminação, muitas vezes não evidentes, não explícitas, não reconhecidas". Em entrevista ao JN, Ana Maria Brandão explica que, no curso, serão ainda abordados temas como os do assédio no trabalho, da discriminação de género e orientação sexual e da Estratégia Nacional para a Igualdade e Não Discriminação.
Ensinar os mais jovens
Sobre o assédio, sublinha que se combate "ensinando às crianças e aos adolescentes - que serão os adultos do futuro - princípios de respeito pelo outro". E, aqui, se inclui não só o assédio sexual, como o moral.
"Isto não invalida que haja mecanismos legais de proteção e denúncia de assédio ou que a Justiça atue no sentido de as punir, mas a prevenção deve estar no horizonte. E não se deve limitar às gerações mais jovens".
Para a docente, "os maiores obstáculos à igualdade em termos de emprego e carreira residem nas dificuldades de conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional, especialmente lesivas para as mulheres, que asseguram a maior parte do trabalho doméstico não pago". A lei e os instrumentos da política pública, apesar de importantes, não têm resultados imediatos. "É preciso mudar as formas de pensar", salienta, certa de ainda há um caminho a percorrer em Portugal.