Compras de Pequim com maior arrojo iniciaram-se em 2011, com a entrada na EDP.
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Portugal é um dos principais alvos do apetite comprador de entidades chinesas. Na última década, o investimento na compra de participações em empresas portuguesas totalizou quase 8 mil milhões de euros, segundo a Bloomberg.
Segundo a ESADE, uma escola de negócios espanhola, Portugal é o país europeu onde as compras chinesas mais pesam no total da economia. "É um forte indicador do compromisso da China com o país", diz o estudo da ESADE, que explica que essas compras foram facilitadas devido às condições impostas pela troika.
O valor do investimento chinês em Portugal pode crescer de forma significativa caso Pequim consiga ter sucesso na Oferta Pública de Aquisição sobre a EDP e a EDP Renováveis.
A elétrica foi a grande porta de entrada do investimento chinês em Portugal. Em 2011, a empresa estatal China Three Gorges (CTG) apostou as fichas na elétrica liderada por António Mexia. Pagou 2,7 mil milhões de euros para deter mais de 21% da gigante elétrica portuguesa.
Depois disso, Pequim fez mais alguns reforços através da CTG e de outra entidade estatal. Agora, a ampresa que gere a gigante barragem das Três Gargantas lançou uma OPA sobre o capital que não detém na elétrica e sobre a Renováveis.
Essas operações, caso avancem aos preços propostos, estão avaliadas em cerca de 10 mil milhões de euros. No mínimo, a CTG quer 50% mais uma ação da EDP para ficar a mandar na empresa. Neste cenário, teria de investir quase 3,2 mil milhões de euros.
A energia é a grande prioridade da China em Portugal. Além da EDP, a State Grid, outra empresa estatal de Pequim, tem 25% da REN, a empresa que gere as infraestruturas de transporte de energia. Com esses investimentos vieram também financiamentos avultados a estas empresas.
Além do Estado, tem existido outro grande investidor chinês. Trata-se da Fosun, liderada por Guo Guangchang, multimilionário que é apelidado de Warrn Buffett da China. Esta empresa entrou em força em Portugal com a compra do negócio de seguros da CGD. Pagou mais de mil milhões de euros. É ainda dona da Luz Saúde e maior acionista do BCP, com 27% do capital, resultado de um investimento de cerca de 550 milhões.
TOP 5 - MAIORES INVESTIMENTOS
1.º EDP (energia) - 2700 milhões de euros
2.º Fidelidade (seguros) - 1100 milhões de euros
3.º BCP (banca) - 550 milhões de euros
4.º Luz Saúde (saúde) - 480 milhões de euros
5.º REN (energia) - 287 milhões de euros