Sondagem diária: AD tropeça, PS dispara e entram na reta final em empate técnico. Chega e IL voltam a subir
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A diferença entre a AD (31,5%) e o PS (26,3%) nas intenções de voto caiu para cinco pontos e os dois principais partidos estão em empate técnico quando falta pouco mais de dois dias para o final da campanha. Na 13ª sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN há um trambolhão da AD e um surpreendente crescimento do PS que promete animar a reta final. O Chega (18,3%) e a IL (7%) também sobem, tal como os indecisos, que ainda são 19,1%.
Na antepenúltima tracking poll diária da Pitagórica, a AD é de longe a candidatura que mais perde intenções de voto. O tombo de 1,6 p.p. é diretamente aproveitado pelo PS, que sobe 1,7 p.p., e esta reviravolta desfaz em apenas um dia quase metade da distância que separava as duas principais candidaturas às eleições legislativas de 18 de maio. Na sondagem anterior, a diferença entre AD e PS era de 8,5 p.p. e agora é de 5,2p.p..
Na prática, estamos perante um empate técnico. Segundo os conclusões da sondagem com distribuição de indecisos, a AD teria entre 28,2% e 34,8% se as eleições fossem agora. Já o PS teria entre 23,2% e 29,4%. Assim, o melhor resultado do PS (29,4%) está acima do pior resultado da AD (28,2%), o que desfaz a certeza sobre a vitória de Luís Montenegro verificada nas sondagens anteriores. Esta é, aliás, a mais curta margem de diferença entre AD e PS desde 2 de maio, a data em que começou a ser divulgada a tracking poll diária da Pitagórica. E é também o pior resultado da AD desde a mesma data.
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Quem aproveita a queda da AD é ainda o Chega e a IL. André Ventura segue em crescimento sustentado no dia em que ficou de fora da campanha depois de ter passado a noite no Hospital de Faro, do qual já teve alta. Reúne agora 18,3% das intenções de voto, o que é o melhor resultado para o Chega desde o início desta tracking poll e já significaria um reforço dos 18% alcançados nas legislativas de 2024 que lhe garantiram a eleição de 50 deputados. Em apenas quatro dias, desde 10 de maio, o Chega cresceu três p.p. e passou de 15,3% para 18,3%. O intervalo máximo possível é de 21%.
A IL é o segundo partido que mais cresce alcança os 7% de intenções de voto, numa subida de 0,7 p.p.. Há nove dias que Rui Rocha não atingia a barreira dos 7% e o intervalo máximo possível é de 8,8%. Mesmo no pior cenário, no intervalo mínimo, a IL conseguiria 5,2%, o que já seria uma vitória dado que ultrapassava os 4,9% alcançados em 2024 e que lhe valeram a eleição de oito deputados.
Na frente de Esquerda continua o Livre a liderar, com 4,4%, mas regista uma queda acentuada de 0,9 p.p.. O BE também piorou e está agora em 2,4%, menos 0,8 p.p. do que na sondagem anterior. Em sentido inverso está a CDU, que subiu 0,5 p.p. e alcançaria 3,7% das preferências dos eleitores. O PAN mantém-se inalterado em 1,1%.
Jovens e idosos fugiram para o PS
A grande novidade desta sondagem é a queda acentuada da AD. Numa análise por género, idade, região e classe social dos inquiridos, é possível perceber que a perda de votos da coligação PSD/CDS aconteceu exclusivamente nos homens, entre os mais jovens e entre os mais velhos. Estes votos foram transferidos para o PS, para o Chega e para os indecisos, mas os socialistas saem mais beneficiados pois foram a única candidatura a conseguir ganhos no eleitorado com mais de 54 anos, que é o mais populoso de Portugal.
Nas perdas por género, de um dia para o outro, a percentagem de homens que afirmava votar da AD caiu de 27% para 24%, sem distribuição de indecisos. Estes votos foram transferidos para o PS (que sobe de 19% para 20% entre os homens), para o Chega (de 17% para 19%) e para os indecisos (de 17% para 18%). Entre as mulheres não há variações para a AD, mas o PS cresce dois p.p. (de 21% para 23%), sendo que vai buscar estes votos femininos ao Chega e à Esquerda.
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Por idades, há uma clara queda da AD entre os jovens, onde passa de 23% para 19%. Os votos dos mais novos fogem para o PS (que sobe de 11% para 13% nesta faixa etária), para o Chega (de 20% para 21%) e para os indecisos (de 15% para 18%). A IL (11%) e o Livre (8%) também continuam fortes entre o eleitorado dos 18 aos 34 anos.
Entre os maiores de 54 anos, a queda da AD é de dois p.p. (de 30% para 28%), sendo que a trajetória inversa encontra-se no PS (que sobe de 28% para 30%). É a primeira vez desde o início desta tracking poll que os socialistas superam as preferências da AD entre o eleitorado mais velho. A reviravolta acontece numa altura em que ambas as candidaturas estão apostadas em conquistar o voto dos mais velhos, que é tendencialmente ao Centro em termos ideológicos e é o mais numeroso.
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Por regiões, a AD perde de forma transversal em quase todas. A única exceção é Lisboa, onde se mantém com 26%, seguido pelo PS (22%) e pelo Chega (12%). A Norte, Montenegro cai de 27% para 24% e continua a liderar, mas já tem por perto o PS (20%) e o Chega (16%). No Centro, AD e PS perdem um p.p. e o Chega mantém-se. No Sul e Ilhas, a AD cai de 24% para 21%, enquanto o Chega e o PS sobem ambos dois p.p. e estão todos empatados com 21% das intenções de voto.
Se a análise incidir sobre a classe social dos inquiridos, a AD regista um decréscimo em todas, ao passo que o PS perde votos entre os que têm menos rendimentos. Os socialistas sobem na classe média e nas classes com mais rendimentos, onde ainda é a AD que lidera, mas por menor margem.
Indecisos são mulheres com menos rendimentos
Num cenário de empate técnico e com os últimos argumentos a chegarem à campanha, são ainda 19,1% os inquiridos que estão indecisos. Claro que muitos podem nunca se chegar a decidir e votar em branco ou até engordarem os números da abstenção, mas é para estes que a atenção dos principais partidos vai estar virada nos próximos dias.
Quem são, afinal, os indecisos? Segundo a sondagem da Pitagórica, são mais mulheres (20%) do que homens (18%) e residem maioritariamente a Norte, onde 20% ainda não decidiu, contra 19% do Centro, 18% do Sul e Ilhas e 17% da região de Lisboa. Embora com poucas diferenças, há mais indecisos entre os 35 e os 54 anos (20%), logo depois nos maiores de 54 anos (19%) e por fim nos jovens até aos 34 anos (18%). Os eleitores com menores rendimentos são, de longe, os menos esclarecidos (23%), enquanto na classe média há 17% que não sabem em quem vão votar e, nas classes de maiores rendimentos, os indecisos são 18%.
Esta é a antepenúltima tracking poll diária que o JN vai publicar até 16 de maio, último dia em que é permitida a publicação de sondagens. Poderá seguir a evolução das intenções de voto na edição online, sempre às 20 horas, ou na edição impressa. Esta amostra volta a ter 810 entrevistas, com cerca de 200 realizadas em cada um dos dias entre 10 e 13 de maio.
Como sempre, os inquiridos foram questionados sobre se viram, leram ou ouviram informações sobre os candidatos e qual a opinião que têm de cada um deles. O mais mediático é Luís Montenegro, com 70% de reconhecimento, mas com uma avaliação negativa de menos quatro pontos na diferença entre o número de opiniões positivas e negativas expressas pelos inquiridos.
Rui Tavares arrasa na exposição mediática
André Ventura vem a seguir, com 66% de reconhecimento, mas tem uma avaliação de 20 pontos negativos. O líder do Chega foi sempre o candidato com pior avaliação ao longo da tracking poll doa Pitagórica, mas agora é ultrapassado por Mariana Mortágua, que piorou para 21 pontos negativos. A avaliação de Pedro Nuno Santos também não é favorável, pois está em 12 pontos negativos (o terceiro pior líder) e um reconhecimento de 65%, abaixo de André Ventura.
Na frente desta tabela está confortável Rui Tavares, com 15 pontos, e um reconhecimento mediático de 48%. Durante a primeira semana de sondagem ainda esteve lado a lado com Rui Rocha nas avaliações, mas o líder da IL foi caindo nas opiniões favoráveis e está agora com oito pontos. É, ainda assim, a segunda melhor avaliação entre todos os líderes, com um reconhecimento de 53%, superior ao de Rui Tavares. Em terreno positivo também está Paulo Raimundo, mas por apenas um ponto. É o terceiro líder com melhor avaliação. Inês Sousa Sousa real tem o menor reconhecimento de todos (40%) e um resultado de nove pontos negativos.
Luís Montenegro continua a ser o candidato com melhores desempenhos em debates e entrevistas, com 27,4% das preferências, embora a cair. Tem menos 0,9 p.p. do que na sondagem anterior. A seguir vem Pedro Nuno Santos (11,4%) e André Ventura (10,1%), relativamente próximos. Segue-se Rui Tavares (7,4%) que regista a maior subida do último dia, e Rui Rocha (3,8%). Mariana Mortágua está distante (1,1%) .
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Apesar de se ter invertido a tendência de crescimento da AD e a queda do PS nas intenções de voto, a esmagadora maioria dos inquiridos ainda acha que será Luís Montenegro a cantar vitória no dia 18 de maio. São agora 75% os que acham que será assim. Apenas 11% apostam na vitória do PS e ainda menos, 2%, acreditam que será o Chega a ficar em primeiro. Há 12% de indecisos nestas respostas.
Com poucas variações seguem as questões sobre qual o rumo político que o país deve seguir. Apenas 10% querem a total continuidade na maneira de governar Portugal, 21% defendem uma mudança total de políticas e 67% acham que devem mudar algumas coisas e manter-se outras.
Ficha técnica
Durante 4 dias (10, 11, 12 e 13 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, três cortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1565 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 51,92%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.