Sondagem final: AD com mais oito pontos que o PS. Não haverá maiorias no Parlamento. Chega pode crescer
Corpo do artigo
A AD (33,2%) é a grande favorita a vencer as eleições de domingo. Na sondagem final da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN, a coligação liderada por Luís Montenegro consegue quase oito pontos de vantagem sobre o PS (25,6%). É improvável, no entanto, que haja uma maioria parlamentar, mesmo no cenário de um acordo pós-eleitoral entre AD e IL, à Direita; ou do PS com o Livre, CDU, BE e PAN à Esquerda. A projeção confirma o terceiro lugar do Chega (19,1%). Seguem-se a Iniciativa Liberal (5,8%), o Livre (5,1%), a CDU (3%), o BE (2,2%) e o PAN (1,3%). Se as perceções servirem como indicador, destacam-se os 77% de portugueses que entendem que a vitória será da AD. A dois dias das eleições, no entanto, o número de indecisos permanece elevado: 17%.
Carregue nos dias para ver os resultados diários e nas linhas para isolar os partidos
Esta é a última sondagem de intenção de voto a ser conhecida antes da ida às urnas. É a 15.ª entrega de uma "tracking poll" que se iniciou a 2 de maio e em que se percebe que as duas semanas de campanha eleitoral provocaram algumas mudanças, não na posição relativa de cada força política (essa ficou exatamente igual), mas nas expectativas sobre o resultado a que podem aspirar. Assim, entre 2 e 16 de maio, os partidos que mais cresceram foram o Chega (quase três pontos) e o Livre (quase dois pontos), e os que mais perderam foram a IL e o PS (dois pontos) e a AD (quase um ponto).
No entanto, e quando a comparação se faz relativamente às últimas legislativas, e presumindo que a intenção de voto atual se repetiria nas urnas, é a AD a força política que mais cresce (um pouco mais de quatro pontos), seguida do Livre (quase dois pontos) e do Chega e IL (cerca de um ponto). Ao contrário, PS e BE perdem um pouco mais de dois pontos e o PAN quase um. O suficiente, no caso dos bloquistas, para ser evidente a ameaça de ficarem reduzidos a um deputado único, e no caso do PAN de ser varrido do Parlamento.
Soma de AD e IL ainda não chega para uma maioria no Parlamento
Outra conta importante tem a ver com as opções de governabilidade. Sendo certo que um eventual acordo entre a coligação PSD/CDS e os liberais (39 pontos percentuais) vale mais que a soma da Esquerda (37 pontos percentuais), em nenhum dos casos é suficiente para uma maioria no Parlamento. Como se detalha noutra análise, o máximo a que pode aspirar o conjunto de partidos de centro-direita é 114 deputados, quando para uma maioria são necessários 116. E é importante acrescentar que, no cenário mais provável, terão "apenas" 101 (sem contar com os círculos da emigração). À Esquerda será ainda mais difícil, uma vez que, no cenário mais otimista para os cinco partidos, somariam 104 deputados. E o mais provável é ficarem com cerca de 82 (de novo sem contar com a emigração).
Finalmente, vale a pena destacar os imponderáveis que sempre existem, quando estamos perante uma sondagem: para além do óbvio, ou seja, que mede intenções de voto e não em quem os portugueses efetivamente votaram (isso só é possível numa sondagem à boca de urna); que é impossível prever se a abstenção vai aumentar ou diminuir (e que partidos são beneficiados ou prejudicados com qualquer desses movimentos); e que há um número substancial de indecisos (17%), quase a mesma percentagem com que arrancou esta "tracking poll". Os que mais hesitam sobre em quem votar são as mulheres (19%), os que têm entre 35 e 54 anos (18%), os que vivem na Região Norte (20%) e os que têm menores rendimentos (19%). Mais ainda, os eleitores de três das quatro forças políticas que a sondagem prevê que tenham maior potencial de crescimento relativamente às legislativas de 2024, são também os mais indecisos: 29% no Livre, 25% na IL e 24% na AD.
Chega à frente nos mais jovens. PS recupera liderança nos mais velhos
Numa última análise à forma como se distribuem as intenções de voto nos diferentes segmentos da amostra (género, idade, classe social e região), percebe-se que a "tracking poll" foi sofrendo algumas transformações. No género, por exemplo, é sobretudo entre os homens que a AD cava o fosso para o PS (no arranque e durante boa parte da sondagem diária foram as mulheres): tem apenas mais quatros pontos percentuais entre elas e oito entre eles. O que se manteve estável foi a tendência para o Chega e a IL serem mais masculinos, enquanto BE e PAN são mais femininos.
Carregue nos ícones para ver as percentagens
Quando a análise incide sobre as faixas etárias, há também uma alteração importante nesta reta final: o PS recupera a dianteira entre os mais velhos (55 anos ou mais, ou seja, o escalão que inclui os pensionistas), mesmo que seja por apenas mais dois pontos que a AD. Sucede que os socialistas ficam muito para trás da coligação PSD/CDS nos outros dois escalões (10 e 15 pontos). Outro facto notável é que o Chega confirma a força nos mais jovens, sendo o primeiro entre os que têm 18 e 34 anos, à frente da AD e com mais do dobro das intenções de voto do PS. O partido de André Ventura fica em segundo entre os que têm 35 e 54 anos (também à frente dos socialistas), mas é bastante penalizado entre os eleitores mais velhos, ficando a mais de 20 pontos da AD e do PS. Iniciativa Liberal e Livre vão perdendo gás à medida que os eleitores envelhecem, ou seja, estão muito dependentes do voto mais jovem, que tem a fama de ser mais volátil.
Carregue nos ícones para ver as percentagens
Norte é o principal bastião de Montenegro. Pedro Nuno melhor em Lisboa
Se focarmos a atenção na geografia do voto, percebe-se que a Região Norte se manteve como o principal bastião da AD, se tivermos em conta o seu peso populacional e não apenas as percentagens. Montenegro tem aí mais nove pontos do que Pedro Nuno (no Centro são 12 pontos, mas o número de eleitores é menor). A única boa notícia para os socialistas é que terminam esta "tracking poll" no primeiro lugar em Lisboa, embora com apenas mais um ponto que a AD. O Chega consegue o terceiro lugar nas três regiões mais populosas e vence no sul e ilhas (que inclui Alentejo, Algarve, Açores e Madeira), dois pontos à frente da AD e seis do PS.
Ao longo desta maratona de sondagens, a Pitagórica foi medindo outros valores. O mais significativo talvez seja o que nos diz se a opinião sobre cada um dos líderes foi melhorando ou piorando. E a avaliação termina quase como começou: com Rui Tavares (LIvre) e Rui Rocha (IL), com um razoável saldo positivo (13 e 10 pontos percentuais, respectivamente). Paulo Raimundo (CDU) também acaba no verde (saldo positivo de dois pontos), posição que conseguiu conquistar mais ou menos a meio destas recolhas. Mariana Mortágua (saldo negativo de 20 pontos) e André Ventura (saldo negativo de 17 pontos) foram sempre os pior valorizados e é assim que terminam.
Carregue nas figuras para saber mais
Ficha técnica
Durante 4 dias (12, 13, 14 e 15 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, três cortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1569 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 51,63%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.