Sondagem: Gouveia e Melo na frente, com Marques Mendes e Seguro taco a taco para uma segunda volta
Análise de Rafael Barbosa e gráficos de Inês Moura Pinto
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Quando faltam três meses para as eleições presidenciais, Gouveia e Melo continua em primeiro lugar (26,9%) na corrida ao Palácio de Belém, com cerca de seis pontos de vantagem sobre Marques Mendes (20,3%) e oito relativamente a Seguro (18,4%). De acordo com uma sondagem da Pitagórica para o JN, TSF, TVI e CNN, o almirante é também o favorito nos vários cenários de segunda volta, com uma vantagem de cinco pontos sobre o social-democrata e sete sobre o socialista. Ventura não conseguiria melhor do que um quarto lugar à primeira, e perderia com todos à segunda.
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O trabalho de campo desta sondagem decorreu ao longo da semana passada (6 a 10 de outubro), enquanto decorria a reta final da campanha autárquica e numa altura em que o campo de candidatos presidenciais está praticamente definido. A principal conclusão é a de que Henrique Gouveia e Melo teria, nesta altura, praticamente assegurada uma passagem à segunda volta, ainda que esteja em perda relativamente ao inquérito realizado em março, também pela Pitagórica (então obteve 35,9%).
Em segundo lugar volta a posicionar-se Luís Marques Mendes, sendo que o antigo líder social-democrata também está em queda relativamente ao cenário de há sete meses (então marcava 25,5%). Consegue ainda o que se designa por empate técnico, tendo em conta a margem de erro da sondagem (mais ou menos 4%), mas apenas por uma décima (o melhor resultado possível seria 23,5%, enquanto o almirante tem como limiar mínimo os 23,4%). Mas na verdade é com o concorrente que vem logo a seguir que tem de se preocupar.
Empate técnico entre Mendes e Seguro
António José Seguro, que em março passado se ficou pelos 14,1%, já subiu quatro pontos e está muito mais próximo de Marques Mendes. Ou seja, se considerarmos apenas a luta pelo segundo lugar, há um verdadeiro empate técnico. O patamar mínimo do social-democrata é de 17,1%, enquanto o máximo do socialista é de 21,5%. É importante notar, no entanto, que o inverso também é possível, ou seja, Mendes poderia chegar nesta altura ao máximo de 23,5%, enquanto Seguro arrisca um patamar mínimo de 15,3%.
Se acrescentarmos a esta equação que a sondagem encontrou 17,3% de eleitores indecisos, percebe-se melhor como está ainda tudo em aberto na disputa por um lugar na segunda volta, incluindo para alguns dos candidatos que estão um pouco mais abaixo: André Ventura (13,9%), que segue em quarto lugar, e João Cotrim de Figueiredo (9,1%), em quinto. Daí para baixo, os resultados começam a ser irrelevantes, com Rui Tavares nos 2,9% (o seu nome foi testado na sondagem, mas o Livre ainda não apontou ou apoiou qualquer candidato), o comunista António Filipe com 2,5% e a bloquista Catarina Martins com 1,9%.
Outro indicador relevante da sondagem é o que permite perceber de que área partidária são originários os eventuais eleitores dos principais candidatos: Gouveia e Melo destaque-se por ser capaz de conquistar cerca de um quarto do eleitorado dos três principais partidos; Marques Mendes segura pouco mais de um terço dos eleitores da AD; Seguro faz um pouco melhor na recolha de apoio dos votantes socialistas; e Ventura mantém metade dos que votaram no Chega nas últimas legislativas.
Almirante vence todos à segunda volta
Tendo em conta os resultados desta primeira volta, a sondagem testou também vários cenários para uma segunda volta (mas neste caso sem distribuição de indecisos), para concluir que Gouveia e Melo é o único que seria capaz de vencer os três potenciais adversários. Mas nem todos da mesma forma. Se o mano a mano fosse com Marques Mendes, a vantagem do almirante seria de apenas cinco pontos (42% face a 37%), crescendo para sete no caso de defrontar Seguro (44% face a 37%) e uns inultrapassáveis 48 pontos se o adversário fosse Ventura (63% face a 15%).
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A disputa mais equilibrada numa destas segundas voltas virtuais seria a que opusesse Mendes e Seguro, com uma vantagem de apenas três pontos para o social-democrata (40% face a 37%). E ambos deixariam Ventura muito longe: o social-democrata com mais 43 pontos, o socialista com mais 40. Mesmo que conseguisse chegar a este patamar, o líder do Chega seria, nesta altura, uma carta fora do baralho do Palácio de Belém.
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Mulheres preferem Mendes ao almirante
Quando se analisam os diferentes segmentos da amostra (género, idade, classe social, geografia e voto partidário), encontram-se, igualmente alguns dados significativos (valores sem distribuição de indecisos). Numa segunda volta entre Gouveia e Melo e Marques Mendes, e no que diz respeito ao género, o primeiro levaria vantagem de dez pontos entre os homens (47%), enquanto o segundo teria mais sete pontos entre as mulheres (40%).
No que diz respeito aos escalões etários, o almirante consegue o melhor resultado nos 55/64 anos (46%), enquanto o social-democrata domina entre os que têm 45/54 anos (45%). Mas é no escalão dos que têm 65 ou mais anos que o fosso é maior, com 22 pontos de vantagem para o militar que liderou a "task force" de vacinação contra a covid 19, de que os mais velhos foram os primeiros e principais beneficiários.
Se o ângulo for o das regiões, fica claro que a vantagem do almirante é particularmente grande no Centro (17 pontos) e no Sul e Ilhas (15 pontos), mas que, mesmo com menor expressão, é o social-democrata que lidera no Norte (quatro pontos) e em Lisboa (um ponto). Finalmente, Gouveia e Melo reúne as preferências de quem votou no PS (49%) e Chega (51%), enquanto Mendes só vence entre os eleitores da AD nas últimas legislativas (56%).
Seguro melhor nos mais novos e mais velhos
Outra potencial batalha à segunda volta que vale a pena destacar, também pelo facto de ser, nesta altura, a mais apertada (apenas três pontos de diferença no total da amostra), é a que oporia Luís Marques Mendes e António José Seguro. O social-democrata volta a vencer entre as mulheres (42%), enquanto o socialista conseguiria uma vitória entre os homens (39%).
No que diz respeito às faixas etárias, o socialista destaca-se nos dois extremos da escala, ou seja entre os que têm 18/24 anos (40%) e entre os que têm 65 ou mais anos (46%). Para o social-democrata ficam os restantes quatro segmentos, com destaque para os que têm 45/54 anos (49%), em que consegue 15 pontos de vantagem.
Na disputa regional, Luís Marques Mendes leva vantagem no Norte (mais dez pontos) e em Lisboa (mais três), enquanto Seguro ficaria à frente no Centro (mais três pontos) e no Sul e Ilhas (mais cinco pontos). Relativamente ao voto nas últimas legislativas, o antigo secretário-geral socialista venceria entre os eleitores do PS (71%), enquanto o antigo presidente do PSD ficaria à frente entre os eleitores da AD (67%) e do Chega (28%).
Outros cenários
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Ficha técnica
Sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com as eleições presidenciais de 2026. O trabalho de campo decorreu entre os dias 06 e 10 de outubro de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores recenseados em Portugal e foi devidamente estratificada por género, idade e região. Foram realizadas 1226 tentativas de contacto, para alcançarmos 625 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 50,98%. As 625 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 4,00% para um nível de confiança de 95,5%. A distribuição de indecisos é feita de forma proporcional. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.