Sondagem: Perdas à Direita (Chega e IL) e ganhos à Esquerda (Livre e BE). AD com sete pontos de vantagem sobre o PS
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Ao segundo dia da sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN, fica tudo praticamente na mesma na frente da corrida, com a AD (34,5%) sete pontos à frente do PS (27,7%), e uma esmagadora maioria de portugueses convencidos de que a vitória não escapará a Luís Montenegro (70%). Alterações, só no pelotão de partidos que seguem mais atrás, com pequenas perdas à Direita: IL (6,9%) e Chega (15,7%); e pequenos ganhos em parte da Esquerda: Livre (4%) e BE (2,2%). Os resultados da CDU (3,1%) e PAN (0,7%) ficam praticamente inalterados.
Recorde-se que o JN iniciou, na sexta-feira, a publicação de uma “tracking poll”, que se prolongará até 16 de maio, com resultados diários. Poderá seguir a evolução das intenções de voto na edição online, sempre às 20 horas, ou na edição impressa. Nesta segunda entrega, a amostra continua a ser de 800 inquéritos, mas as 200 entrevistas recolhidas a 28 de abril foram substituídas por outras 200 recolhidas a 2 de maio. Um movimento que se repetirá até às vésperas da ida às urnas e ajudará a interpretar o rumo da campanha eleitoral.
Chega é o partido que mais perde desde as últimas eleições
Com a renovação de apenas um quarto da amostra, não é expectável que haja alterações dramáticas. Pode, isso sim, haver sinais de mudança de tendência para cada partido, seja no sentido ascendente ou descendente. E neste segundo dia, os piores sintomas observam-se no Chega (15,7%), uma vez que, para além de perder um ponto relativamente ao arranque da sondagem diária, é agora o partido que mais desce relativamente às legislativas do ano passado, trocando de lugar com o BE (2,2%), para quem o cenário é agridoce: sobe quase um ponto de um dia para o outro, mas continua a valer apenas metade do que valia em março de 2024 e continua em risco de ver desaparecer a sua bancada parlamentar.
Para a Iniciativa Liberal (6,9%), este segundo dia também traz más notícias, com a perda de um ponto face ao arranque. Mas os liberais têm ainda a consolação de estarem a crescer dois pontos face às últimas eleições, o que significa que são a segunda força política com maior crescimento (a primeira é a AD, que aumenta quase seis pontos relativamente às legislativas do ano passado). Ao contrário, o Livre (4%), depois de uma sucessão de abanões, volta a crescer, destacando-se na liderança à Esquerda do PS.
Onde não há mudança é na percentagem de indecisos (17,4%). No entanto, quando se analisam os diferentes segmentos da amostra (género, idade, classe social e região), percebe-se que nem tudo ficou na mesma. Os mais jovens (18 a 34 anos) destacam-se agora de todos os outros, com 22% de indecisos, enquanto os portugueses com 35 a 54 anos parecem estar a fazer o caminho inverso, havendo “apenas” 15% que ainda hesitam.
Maiores adeptos do “centrão” são os eleitores mais velhos
Voltando à luta pelo primeiro lugar e pelo cargo de primeiro-ministro, a segunda entrega da “tracking poll” dá conta de um acrescento de escassas décimas para cada um. O que faz com que o chamado “Bloco Central” (AD e PS) valha agora 62 pontos. É um pouco mais do que os 57 pontos que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos somaram nas legislativas do ano passado, mas ainda a segunda pior marca deste século XXI, confirmando a fragmentação do sistema partidário.
Observando os dados disponíveis para os segmentos da amostra é possível traçar um “perfil” deste “Bloco Central” informal. As mulheres estão um pouco mais ao centro do que os homens, mas os maiores adeptos dos partidos do centrão são os mais velhos: AD e PS somam 66% entre os que têm 55 ou mais anos (note-se que o voto nos segmentos é apresentado sem distribuição de indecisos).
Os mais jovens não sentem o mesmo apelo: são apenas 35% a anunciar a intenção de votar nas duas maiores forças políticas. Mas são, em contrapartida, os mais generosos com os outros seis partidos do arco parlamentar, que somam 38% entre os inquiridos com 18 a 34 anos. Melhor dito: os mais jovens são particularmente generosos com os dois partidos à Direita, Chega (15%) e Iniciativa Liberal (13%), que ficam até à frente do PS (11%) nesta faixa etária. Concluindo, os jovens portugueses estão, nesta altura muito mais interessados na oferta política à Direita (52%) do que nas propostas da Esquerda (21%).
Dinâmica de vitória: 70% dizem que Montenegro vai vencer
A sondagem diária da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN acrescenta sempre outros dados para além da intenção de voto. Um deles remete para a chamada “dinâmica de vitória”, ou seja, quem é que os portugueses acham que vai vencer as eleições, independentemente do partido em que pensam votar. E o resultado desta segunda entrega confirma a sentença ditada logo à primeira: 70% (mais um ponto do que na sexta-feira) dizem que o vencedor será Luís Montenegro. Apenas 13% (menos um ponto) acreditam numa vitória Pedro Nuno Santos.
Quando se pergunta quem tem tido a melhor prestação nos debates e entrevistas (o trabalho de campo decorreu entre 29 de abril e 2 de maio e só metade dos inquiridos terá ouvido falar ou terá assistido ao frente a frente entre os líderes da AD e do PS), é de novo Montenegro (21,7%) que está na frente, ainda que tenha perdido um ponto de um dia para o outro, seguido de Pedro Nuno (10,9%), que perde quase dois pontos, e André Ventura (10,9%), que perde ponto e meio.
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Relativamente à opinião dos portugueses relativamente aos diferentes líderes e a forma como está a evoluir, a única alteração significativa entre a primeira e a segunda sondagem diária é para Mariana Mortágua, que melhora a sua prestação em quatro pontos, mas fica, mesmo assim, com um saldo negativo de 16 pontos (diferença entre “melhorou opinião” e “piorou opinião”). Os únicos candidatos que conseguem um saldo positivo são o liberal Rui Rocha (sobe para 10 pontos) e o líder do Livre Rui Tavares (sobe para nove pontos). Luís Montenegro continua com saldo zero, Pedro Nuno Santos com um saldo negativo de 12 pontos e André Ventura com saldo negativo de 28 pontos. Paulo Raimundo (CDU) tem um saldo negativo de 11 pontos e Inês Sousa Real (PAN) um saldo negativo de oito pontos.
Ser liberal é só para homens? Eles são três vezes mais do que elas
Analisando os resultados dos diferentes partidos tendo em conta o género, confirma-se o equilíbrio no PS e o maior peso do eleitorado feminino na AD. Elas são, acrescente-se, as grande responsáveis pelo facto da vantagem da coligação de centro-direita relativamente aos socialistas ficar para além da margem de erro da sondagem (Montenegro conquista mais nove pontos percentuais do que Pedro Nuno entre as mulheres). Outra confirmação é a de que o Chega depende cada vez menos do eleitorado masculino (aproxima-se de uma situação de empate entre géneros), enquanto a Iniciativa Liberal está a fazer o percurso inverso (eles valem agora o triplo delas). O BE é o partido com maior peso do eleitorado feminino. Se houvesse hoje eleições e elegesse um ou dois deputados, ficaria a devê-lo às mulheres.
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No que diz respeito às faixas etárias, a AD junta-se ao PS na tendência de ganhar apoio quanto mais velho o eleitor, chegando ambas as forças ao seu ponto mais alto entre os que têm 55 ou mais anos (33%). Na comparação entre o primeiro e o segundo dia, o único facto digno de nota é o crescimento da AD no escalão dos 35/54 anos (mais três pontos), perdendo dois nos mais velhos (assim se explicando o empate com os socialistas neste escalão. Quanto ao Chega, perde dois pontos, mas continua em segundo lugar entre os mais jovens (15%). A perda é também de dois pontos, no caso dos liberais, mas também continuam em terceiro (13%), à frente do PS (11%).
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Finalmente, e quando se analisa a malha regional, a mudança mais significativa, de um dia para o outro, é que a AD (25%) ultrapassa o PS (24%) em Lisboa, enquanto os socialistas desfazem o empate na Região Centro e assumem a liderança isolada (27%). O Norte confirma-se como o principal bastião da coligação de centro-direita: 33% e mais 14 pontos que o PS. O melhor resultado do Chega é agora no sul e ilhas (16%), enquanto os liberais se destacam em Lisboa (9%), tal como o Livre (5%).
Ficha técnica
Durante 4 dias (29 e 30 de abril e 1 e 2 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, trêscortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1519 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 53,32%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.