Sondagem: PS em mínimos e Chega cai há quatro dias. AD estagna em 33,7% e é o BE que mais recupera
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O PS (25,9%) e o Chega (15,3%) são os partidos que mais caem nas intenções de voto ao nono dia da tracking poll da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN. Pedro Nuno Santos regista o valor mais baixo de sempre e André Ventura também, mas este está a cair há quatro dias seguidos. A AD estagnou nos 33,7%, pois ganhou nos jovens e perdeu nos mais velhos. Já o BE é o que mais cresce, mas ainda está longe do resultado eleitoral de 2024.
A primeira semana de campanha está prestes a terminar e os partidos já preparam a reta final de olho na evolução das intenções de voto. A nona sondagem diária da Pitagórica muda ligeiramente o cenário na frente da corrida, pois embora a AD se mantenha com 33,7%, a diferença para o PS alargou-se novamente e está em 7,8 pontos percentuais (p.p.), acima da margem de erro da amostra. O fosso alargou-se por causa da queda do PS, que perdeu 0,4 p.p. desde a tracking poll anterior e está agora em 25,9%. É o número mais baixo dos socialistas desde o início destas sondagens, a 2 de maio.
Com uma evolução semelhante está o Chega, que também cai 0,4 p.p. e fica com 15,3%, que é igualmente o pior resultado deste partido desde o início da tracking poll. A amostra mais recente abrange o período de quatro dias em que a campanha de André Ventura encontrou sucessivos protestos de portugueses de etnia cigana e o confronto não parece ter contribuído para a popularidade do presidente do Chega.
Na sondagem de terça-feira, o partido populista tinha 16,8% das intenções de voto. No dia seguinte começou a queda, inicialmente ligeira, para 16,7%. Na quinta-feira baixou a sério, para 16%, e na sexta-feira continuou, fixando-se em 15,7%. Agora está em 15,3%.
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A tracking poll da Pitagórica está a ser divulgada pelo JN desde 2 de maio e prolonga-se até ao próximo dia 16, o último da campanha, com resultados diários. Poderá seguir a evolução das intenções de voto na edição online, sempre às 20 horas, ou na edição impressa. Nesta nona entrega, a amostra continua a ser de 800 inquéritos, mas as 200 entrevistas recolhidas a 5 de maio foram substituídas por outras 200 recolhidas a 9 de maio. Esta metodologia será repetida nas próximas sondagens diárias.
Em quarto lugar nas intenções de voto continua a IL (5,6%), mas com poucos motivos para festejar, pois está em movimento descendente há três dias seguidos. Na quarta-feira, reunia 6,8% das intenções de voto e perdeu 1,2 p.p. desde esse dia. Continua, apesar de tudo, com forte probabilidade de melhorar os 4,9% que lhe granjearam os oito deputados em 2024.
BE e Livre a crescer, CDU em queda
À Esquerda registam-se dinâmicas diferentes e o BE é quem mais se destaca, com uma subida de 0,9 p.p., para 3,4%. Entra na casa dos 3% pela primeira vez desde o início da tracking poll, sobretudo graças aos votos dos jovens e das regiões de Lisboa e do Centro.
Ao contrário do que acontece com o Livre, por exemplo, não há diferenças entre homens e mulheres no voto do BE, sendo que todas as classes sociais afirmam dar o mesmo apoio a Mariana Mortágua. É um dado curioso, sobretudo quando a campanha bloquista faz bandeira da necessidade de taxar os ricos. A má notícia para o BE é que, apesar de estar a acelerar, ainda segue distante dos 4,4% que lhe valeram a eleição de cinco deputados em 2024.
Quanto ao Livre, sobe 0,1 p.p. nas intenções de voto diárias e chega aos 5,3%. É uma subida ténue, mas confirma a consistência e a tendência de crescimento que se verifica desde a tracking poll de segunda-feira. É a mais longa trajetória de crescimento entre todos os partidos. Naquele dia, o Livre tinha conquistado 3,4% das intenções de voto. Subiu para 3,8% na terça-feira, para 3,9% na quarta-feira e 4% na quinta-feira. Na sexta-feira deu um salto para 5,2% e, agora, fixa-se nos 5,3%.
Com metade desta percentagem está a CDU (2,7%), tendo sido o único partido a cair à Esquerda. Aliás, analisando a evolução dos comunistas, verifica-se que a tendência de queda se regista há quatro dias seguidos. Na terça-feira estava com 3,5%, baixou para 3,2% no dia seguinte, voltou a cair para 3,1% na quinta-feira, um dia depois baixou para 3% e agora está em 2,7%.
Já o PAN, depois de se ter mantido na irrelevância (abaixo de 1%) ao longo de toda a semana, saltou na sexta-feira para 1,3% e agora continua a subir, atingindo os 1,6%. Já está perto da percentagem de 2% que resultou na eleição de Inês Sousa Real em 2024.
Nestas contas estão distribuídos de forma proporcional os indecisos, que subiram ligeiramente para 16,9%. O grande aumento aconteceu na região de Lisboa, onde continuam em maior número (22%) e entre os mais velhos de 55 anos. Estes foram quase sempre os mais decididos desde o início da tracking poll, mas agora aumentaram de 15% para 18% em apenas um dia. Nas restantes faixas etárias houve uma diminuição ligeira dos indecisos.
AD e PS caem nos mais velhos
Os quatro dias desta amostra iniciaram-se na quarta-feira, dia em que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos trocaram acusações para disputar o voto dos pensionistas. Em Setúbal, o candidato da AD ouviu mesmo queixas de reformados que ficaram sem uma parte da pensão no tempo de Pedro Passos Coelho e da troika. No entanto, o confronto mediático sobre pensionistas não parece ter beneficiado qualquer dos candidatos ao centro.
O resultado da AD nesta tracking poll mantém-se, mas verifica-se uma perda no voto dos idosos, onde esta candidatura é agora a preferida de 35% dos eleitores com mais de 55 anos. Tinha, no dia anterior, 37%. Já no PS o movimento de perda é semelhante, pois Pedro Nuno Santos atingia 31% dos votos dos mais velhos na última sondagem e agora está com 29%. Estas preferências foram transferidas para o Chega (que sobe de 6% para 8% nos mais velhos) e para os indecisos (de 15% para 18%).
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Por faixas etárias, o Chega continua a ser o partido preferido dos jovens, com 20% dos votos entre os eleitores menores de 35 anos, contra 19% da AD na mesma faixa etária. O PS está longe neste segmento, com apenas 12%.
As candidaturas ao centro parecem cativar mais as mulheres, como se comprova pelos 29% de inquiridos do sexo feminino que dizem que vão votar AD, e pelos 22% que assumem votar no PS. No voto das mulheres, o Chega reúne apenas 11% das preferências, sendo que o quarto lugar aqui é do Livre, com 5%. Quanto aos homens, 27% também preferem a AD, mas em percentagem menor do que as mulheres. A seguir vem igualmente o PS, com 21%, e o Chega a uma distância menor, com 14%. No voto masculino destaca-se ainda a IL, com 6%.
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Montenegro esmaga no Norte
Se analisarmos a distribuição das intenções de voto pela região de residência dos inquiridos, percebemos que a AD vence em todo o país e nas ilhas. No entanto, é a Norte que Montenegro esmaga a concorrência, ao alcançar 31% dos votos dos nortenhos, com uma distância de 10 p.p. para o PS (21%) e de 20 p.p. para o Chega (11%). A forte preferência pela AD a Norte, mas também pela IL (7%), ajuda a explicar o porquê de o Chega ter, nesta região, um histórico de resultados abaixo da média do partido.
Quanto ao Centro, Lisboa, Sul e Ilhas, os três maiores partidos surgem destacados na frente, sendo que em Lisboa todos têm pior votação porque é ali que ainda há muitos indecisos. Quanto ao Chega, é de longe mais forte no Sul e Ilhas, onde não consegue ultrapassar o PS mas alcança 20% das preferências.
Finalmente, por classes sociais, continuam a existir diferenças nas preferências dos mais ricos e mais pobres. Se as eleições fossem agora, segundo a sondagem da Pitagórica, a AD venceria nas classes mais altas com 30%, seguido do PS com 17% e da IL com 9%. Empatados, com 8%, estariam o Livre e o Chega. CDU e PAN teriam 3%.
Entre a classe média, nova vitória para a AD, mas por menor margem. Luís Montenegro atinge 26% entre a classe média, seguido pelo PS (20%) e pelo Chega (16%). Os restantes estão todos abaixo dos 3% nesta faixa etária. O PS ganha apenas nos mais pobres (30%), com a AD à beira (27%) e, com metade disso, o Chega (15%). Os restantes não ultrapassam 1% nestas classes sociais, excecto o BE, que tem 3%.
Rui Tavares com melhor impacto mediático
Com o fim dos debates, a exposição mediática dos candidatos resume-se aos tempos de antena e às notícias sobre as caravanas de campanha que circulam de norte a sul. A quantidade de vezes que os inquiridos confirmaram ter visto, ouvido ou lido informação sobre os candidatos mantém-se praticamente inalterada. No entanto, a opinião que formaram na sequência dessas notícias sofreu alterações relevantes.
Na frente, Rui Rocha e Rui Tavares estavam empatados a 14 pontos positivos (mais 14p.p. de opiniões favoráveis do que desfavoráveis), mas o líder da IL caiu ligeiramente, para 13 pontos, deixando Rui Tavares isolado na frente, com 14 pontos. A seguir está Paulo Raimundo, ainda em terreno positivo, com dois pontos.
A negativo estão todos os restantes, mas uns mais do que outros. O pior de todos é André Ventura, com 22 pontos negativos e a piorar, seguido por Mariana Mortágua (19 negativos) que melhorou 0,2 p.p.. Com má avaliação também está Pedro Nuno Santos (12 pontos negativos, mas melhorou), Inês Sousa Real (menos oito) e Luís Montenegro (menos três).
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A esmagadora maioria dos inquiridos, 71%, acha que será a AD a vencer as eleições de 18 de maio, independentemente da sua intenção de voto. Apenas 10% acreditam que será o PS a ganhar, sendo que esta opinião caiu 0,3 p.p. face à última sondagem. Há ainda 3% que apostam no Chega para a vitória e 16% que não sabem ou não respondem.
Ficha técnica
Durante 4 dias (6, 7, 8 e 9 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, três cortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1561 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 51,89%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.