Sondagem: PS em queda livre já está a nove pontos da AD. Pedro Nuno entre os candidatos com pior avaliação
Corpo do artigo
Más notícias para Pedro Nuno Santos. O PS está em queda há três dias e se as eleições fossem agora teria apenas 26,1%, o pior resultado em legislativas dos últimos 38 anos, de acordo com as conclusões do sexto dia da tracking poll da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN. Como se não bastasse, o secretário-geral socialista está entre os líderes com pior avaliação, perto de Mariana Mortágua e de André Ventura. A AD sobe ligeiramente para 34,9% e acentua-se a diferença entre os dois maiores partidos, que já está em 8,8 pontos percentuais.
Ao sexto dia da tracking poll da Pitagórica, o PS (26,1%) regista uma queda de 0,5 pontos percentuais (p.p.) face à sondagem anterior, num cenário com distribuição de indecisos. É a maior descida de todos os partidos e cava-se o fosso para a AD, que segue na frente com 34,9%, mais 0,1 p.p. do que no dia anterior. A distância entre os dois maiores partidos está em 8,8 pontos e também é a mais alta desde que a tracking poll começou, a 2 de maio. Não é uma anomalia estatística, pois há uma tendência de queda do PS desde o início da tracking poll: já recua há três dias seguidos e perdeu 1,4 p.p. desde 2 de maio.
Mais abaixo, o Chega continua isolado no terceiro lugar, com 16,7% das intenções de voto, menos 0,1 p.p. do que no dia anterior, e a IL mantém-se nos 6,8%. À Esquerda só o Livre ganha votos, pois sobe 0,1 p.p., para 3,9%. Já a CDU cai 0,3 p.p. e fixa-se em 3,2% enquanto o BE perde 0,2 p.p e está agora com 2,1%.
Carregue nos dias para ver os resultados diários e nas linhas para isolar os partidos
O JN iniciou na sexta-feira, 2 de maio, a publicação de uma tracking poll, que se prolongará até 16 de maio, com resultados diários. Poderá seguir a evolução das intenções de voto na edição online, sempre às 20 horas, ou na edição impressa. Nesta sexta entrega, a amostra continua a ser de 800 inquéritos, mas as 200 entrevistas recolhidas a 2 de maio foram substituídas por outras 200 recolhidas a 6 de maio. Um movimento que se repetirá até às vésperas da ida às urnas.
Se as intenções de voto verificadas neste tracking poll se replicassem a 18 de maio, dia das eleições, o PS teria o terceiro resultado mais baixo da sua história em eleições legislativas. Pior só com Almeida Santos, em 1985, quando alcançou apenas 20,8%, e dois anos depois, com Vítor Constâncio, que só conseguiu 22,2%. Ou seja, Pedro Nuno Santos alcançaria o pior resultado do PS dos últimos 38 anos, desde 1987.
Socialistas perdem onde já tinham pouco
Se analisarmos por segmentos onde é que o PS perdeu votos, sem distribuição de indecisos, conclui-se que foi em eleitorados que já não eram favoráveis aos socialistas. Por género, o PS já tinha mais votos nas mulheres e manteve-se com 22%, mas perdeu um p.p. entre os homens: estava em 21% e fica agora com 20%. Por idades, a perda dos socialistas é maior entre os jovens, que também já não estavam com grande tendência para votar no PS. Na última sondagem, o PS tinha 10% entre os eleitores dos 18 aos 34 anos e agora baixa para 8%. Cresce para 19% (mais dois p.p.) na faixa etária entre os 35 e os 54 anos e cai ligeiramente para 31% nos maiores de 55 anos (menos 0,1 p.p.).
Carregue nos ícones para ver as percentagens
Por regiões, também perde onde já era mais fraco. A norte, terreno onde Pedro Nuno Santos não parece conseguir afirmar-se, a votação baixa de 19% para 18%. Em Lisboa a queda é semelhante, de 23% para 22%. No Sul e Ilhas mantém-se a tendência, baixando de 21% para 20%. Só cresce na região Centro, onde já tinha o melhor resultado, passando de 25% para 27%. Por classes sociais, o fenómeno é igual: o PS já estava com mau resultado nas classes média e de rendimentos mais altos, tendo sido nestes segmentos que perdeu intenções de voto face à última sondagem. Para atenuar o efeito, cresceu entre a classe média baixa e baixa.
Carregue nos ícones para ver as percentagens
Ressalve-se que estes resultados são obtidos num contexto em que ainda há 18% de indecisos. O número baixou pelo segundo dia consecutivo, mas ainda é suficientemente grande para virar o tabuleiro. Até porque entre as três candidaturas onde este indicador tem relevância estatística para análise (AD, PS e Chega), aquele que tem mais indecisos é o PS. Ou seja, entre aqueles que votaram no PS nas últimas eleições, há 19% de indecisos. Entre os que votaram na AD em 2024 apenas há 15% que não sabem em que vão confiar o voto agora, ao passo que no eleitorado tradicional do Chega ainda há 18% a ponderar.
Contas feitas, há maior indecisão nos homens (19%) do que mulheres (17%). Por idades, os jovens são mais indecisos (21%), seguidos dos que têm entre 35 e 54 anos (19%) e por fim os maiores de 55 anos (16%). A Norte há, de longe, maior indecisão (22%), seguido por Lisboa (17%), Sul e Ilhas (15%) e Centro (14%). A classe média é a menos indecisa (15%), sendo que as classes altas e baixas estão ambas com 19% que não sabem em quem vão votar.
Chega assume liderança entre os jovens
A disponibilização de vários segmentos de eleitorado por parte da tracking poll da Pitagórica permite perceber em que estratos sociais, etários e geográficos é que cada partido é mais forte. Neste capítulo, o destaque vai para o facto de, pela primeira vez, o Chega ser líder entre os jovens. Tem agora 20% das intenções de voto dos 18 aos 34 anos, ultrapassando a AD que se mantém em 19%.
Em terceiro lugar das preferências dos jovens está a IL, com 14%. O eleitorado de Rui Rocha é fundamentalmente menor de 35 anos. A partir dessa idade, o máximo que a IL consegue é 3%. De volta aos jovens, o PS vem mais abaixo e é apenas o quarto partido preferido, com 8%, seguido de perto pelo Livre que já está em 6% e a aproximar-se.
O Chega também consegue ser forte nos eleitores que têm entre 35 e 54 anos, pois alcança 18%, mas aqui a AD (26%) e o PS (19%) estão melhor. O problema para André Ventura está no eleitorado mais velho. Nos maiores de 55 anos atinge apenas 7%, contra 36% da AD e 31% do PS, numa altura em que Luís Montenegro insiste em pôr os pensionistas na agenda mediática da campanha eleitoral. É neste eleitorado que o bipartidarismo é maior, pois os restantes partidos estão abaixo dos 3%.
Numa análise por regiões, a AD lidera a grande distância no Norte, com 31%, tendo subido ligeiramente face ao dia anterior. O PS segue atrás e distante, com 18%. Logo a seguir vem o Chega (13%). A IL, com 6%, é a única que se destaca entre os partidos com menor votação a Norte. Ao Centro, AD e PS empatam a 27% com o Chega longe, a 12%, e a IL a 7%. Em Lisboa há novo empate entre a AD e PS, mas desta vez com 22%, sendo que aqui o Chega já está mais próximo (16%) e a IL está empatada a 5% com a CDU e o Livre. No Sul e Ilhas a AD é esmagadora (38%), pois deixa o PS a 20% e o Chega a 15%. Estas são as regiões mais frágeis da IL (4%).
Por classes sociais, a AD continua com uma maioria folgada entre os entrevistados com rendimentos mais altos (32%), seguido pelo PS (17%) e pela IL (10%), que ultrapassou o Chega (9%) entre os mais ricos. Na classe média também é a AD que lidera (31%), distanciada do PS (19%) e do Chega (16%). Nas classes com rendimentos mais baixos, quem obtém mais preferências é o PS (30%), seguido da AD (22%) e do Chega (18%).
Pedro Nuno afunda-se, Raimundo positivo
Com todos os debates realizados, o nível de reconhecimento mediático aumentou para quase todos os candidatos. Esta notoriedade existe quando o inquirido viu, leu ou ouviu alguma informação sobre o candidato. Depois, é questionado sobre a avaliação que faz do mesmo. Neste capítulo André Ventura tem a pior avaliação, com 19 pontos negativos, e Mariana Mortágua vem logo atrás, com 17 pontos negativos.
No entanto, o destaque vai para Pedro Nuno Santos, que tem 16 pontos negativos de avaliação e surge como terceiro pior líder. Está em queda há dois dias, altura em que estava avaliado com 12 pontos negativos. Do outro lado da tabela é Rui Rocha que continua com as melhores avaliações (14 pontos positivos), seguido por Rui Tavares, com 12 pontos.
Realce-se ainda a evolução de Paulo Raimundo que, com os debates, melhorou muito a imagem que os portugueses têm dele: na tracking poll anterior estava com quatro pontos negativos e agora surge com dois pontos positivos. Luís Montenegro é avaliado com três pontos negativos, mas já esteve pior (ontem eram cinco negativos), ao passo que Inês Sousa Real também está entre os piores classificados, com dez pontos negativos.
Na sondagem do dia anterior já era possível perceber que os inquiridos achavam que Luís Montenegro venceu os debates, seguido por Pedro Nuno Santos, e essa ideia consolida-se agora. Para 31% dos inquiridos, o primeiro-ministro foi o que teve os melhores desempenhos. Logo atrás vem Pedro Nuno Santos (13,7%), seguido de perto por André Ventura (9,6%). Rui Tavares foi o melhor para 4,3% dos inquiridos, enquanto Rui Rocha foi o preferido de 3,3% e Mariana Mortágua de 1,2%. Os restantes, juntos, onde se inclui Paulo Raimundo e Inês Sousa Real, alcançam 2,2% das preferências.
Carregue nas figuras para saber mais
A grande maioria dos portugueses (71%) continua a acreditar que vai ser a AD a festejar no dia 18 de maio, independentemente do sentido de voto do inquirido. Apenas 14% acham que será o PS a ganhar, num valor que se mantém, e 2% apostam na vitória do Chega. Há ainda 12% que não sabem ou não respondem.
Com poucas alterações está também a opinião dos inquiridos sobre a continuidade ou a mudança na forma como o país é governado. Dois terços (66%) desejam que mudem algumas coisas e continuem outras, 21% defendem uma mudança total no rumo do país, enquanto 11% querem uma total continuidade.
Ficha técnica
Durante 4 dias (3, 4, 5 e 6 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, três cortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1540 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 52,60%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.