Sondagem: Vantagem da AD sobre o PS bate recorde. Liberais em rota descendente
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Ao terceiro dia da sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN há alterações significativas na frente da corrida: acelera a trajetória ascendente da AD (35,6%), que aproveita uma ligeira quebra do PS (26,9%) para alargar a sua vantagem para nove pontos. O fosso nunca foi tão grande, mas não é ainda suficiente para cumprir os “sonhos” do “menino” Luís Montenegro de chegar a uma maioria no Parlamento, com a ajuda dos liberais. Até porque a IL (6,6%) está em rota descendente nesta sondagem diária. Entre os restantes não há alterações significativas: Chega (16,2%), Livre (3,9%), CDU (3,1%), BE (2,1%) e PAN (0,9%).
Luís Montenegro convidou Tony Carreira para um concerto nos jardins do Palácio de S. Bento, a 1 de maio (era para ser a 25 de abril, mas o luto pelo Papa Francisco justificou o adiamento). O ponto alto da festa foi um dueto em que ambos cantaram “Sonhos de Menino”. Seria difícil encontrar uma forma mais popular de dar o pontapé de saída para uma campanha eleitoral. No dia anterior, a 30 de abril, tinha decorrido o frente a frente entre o atual primeiro-ministro e o seu principal adversário, Pedro Nuno Santos. Quando se sabe que três quartos dos inquiridos da amostra foram entrevistados depois destes dois eventos, é provável que as suas respostas tenham sido influenciadas pelo que viram ou ouviram.
O “sonho” de uma maioria do “menino” Montenegro está longe
Seja essa a explicação ou não, certo é que coincide com o acentuar da tendência de crescimento da AD: subiu um ponto de um dia para o outro e quase dois desde o início da tracking poll, chegando aos 35,6%, ou seja, mais sete pontos do que nas legislativas de 2024. Ao contrário, o PS perde quase um ponto de um dia para o outro e um pouco mais do que isso relativamente às eleições do ano passado, caindo para os 26,9%. A subida à Direita e a descida à Esquerda contribuem para um novo recorde: a vantagem de Luís Montenegro para Pedro Nuno Santos é de agora nove pontos, afastando-se de um cenário de empate técnico. Tendo em conta a margem de erro da sondagem (mais ou menos 3,51%), o patamar máximo dos socialistas (30%) já fica distante do mínimo possível, nesta altura, para a coligação de centro-direita (32,2%).
Acrescente-se, no entanto, que o resultado da AD e a diferença para o PS não são suficientes para cumprir o “sonho” de qualquer “menino” da política. Uma maioria parlamentar só está ao alcance se houver um acordo com a IL (6,6%). Sucede que a tendência dos liberais nesta sondagem diária da Pitagórica é descendente: já perderam mais de um ponto desde que se iniciou (nenhum outro partido tem uma performance tão negativa), mesmo que ainda possa dizer que, a haver eleições hoje, ficaria quase dois pontos acima das eleições de março do ano passado. Os próximos dias dirão se Rui Rocha consegue estancar ou até inverter a tendência.
Recorde-se que o JN iniciou, na sexta-feira, a publicação de uma tracking poll, que se prolongará até 16 de maio, com resultados diários. Poderá seguir a evolução das intenções de voto na edição online, sempre às 20 horas, ou na edição impressa. Nesta terceira entrega, a amostra continua a ser de 800 inquéritos, mas as 200 entrevistas recolhidas a 29 de abril foram substituídas por outras 200 recolhidas a 3 de maio. Um movimento que se repetirá até às vésperas da ida às urnas e ajudará a interpretar o rumo da campanha eleitoral.
BE e Chega disputam o campeonato de quem mais perde
A sondagem permite perceber as tendências de subida e de descida, mas também se um determinado partido estabiliza num determinado patamar. E, neste terceiro dia, entre os restantes concorrentes, a tendência é mesmo de estabilização, ainda que volte a haver uma troca no partido que mais perde relativamente ao patamar das últimas legislativas: volta a ser o BE, que, com os atuais 2,1%, ficaria mais de dois pontos abaixo de 2024. O outro candidato que tem “lutado” por este “título” pouco lisonjeiro é o Chega (16,2%), que nesta altura perde quase dois pontos.
Relativamente aos restantes partidos, quem mais se destaca é o Livre (3,9%), que face às últimas eleições está a ganhar quase um ponto. Em sentido contrário, o PAN (0,9%) perde um pouco mais de um ponto e, a manter-se neste patamar, vai desaparecer do Parlamento. A CDU (3,1%) parece não sair do mesmo lugar. A exemplo, aliás, de outro indicador importante: a percentagem de indecisos praticamente não mexe e está nos 17,5%. Mas, quando se analisam os segmentos sociodemográficos, há uma tendência que começa a ganhar forma: os mais jovens são os que mais hesitam no voto (23%) e são cada vez mais.
Quanto mais velhos, mais votos seguem para a AD e o PS
É também através da análise dos diferentes segmentos da amostra (género, idade, classe social e região) que se pode perceber um pouco melhor o que está efetivamente a mudar. Tendo em conta a idade, há uma tendência que não se altera: AD e PS ficam mais fortes à medida que o eleitorado envelhece, mas é a agora a coligação de centro-direita que lidera entre os mais velhos (34% entre os que têm 55 ou mais anos, sem distribuição dos 16% de indecisos). Mas é na verdade entre os portugueses com 35 a 54 anos que Luís Montenegro mais progrediu: ganha seis pontos desde que se iniciou esta tracking poll. Precisamente a faixa etária em que se vislumbra alguma degradação no apoio ao PS.
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Ao contrário dos dois primeiros, o Chega, a IL e o BE conseguem os melhores resultados entre os mais novos, mas vão perdendo gás à medida que os eleitores envelhecem. Acresce que o apoio que os liberais estão a perder na faixa etária dos 18/34 anos permite ao PS empatar no terceiro lugar (ambos com 11%). Em primeiro segue a AD (21%), que está a perder terreno nos mais novos, ao ponto do Chega, que fica em segundo, estar já muito perto (19%).
Norte é o bastião de Montenegro. Lisboa de novo com Pedro Nuno
No que diz respeito à geografia, destaque-se a regularidade da AD na Região Norte, onde marca, dia após dia, os mesmo 33%. É o principal bastião da coligação liderada por Luís Montenegro, tendo em conta a sua dimensão populacional, uma vez que em termos puramente percentuais, o melhor resultado até é agora no sul e nas ilhas (36%). A instabilidade da AD em Lisboa (e o facto de as diferenças serem sempre mínimas), até permite ao PS reivindicar a liderança na capital, sendo certo que a tendência desta tracking poll tem sido de subida dos socialistas na região. Ao contrário, no Centro o PS perdeu quatro pontos de um dia para o outro. As próximas entregas da sondagem diária dirão e foi um acidente de percurso ou se será permanente.
No que diz respeito aos restantes partidos, insista-se na boa distribuição pelo território do Chega, ficando acima da média no sul e ilhas (16%). Os liberais continuam mais fortes em Lisboa (8%), que inclui os círculos eleitorais da capital e de Setúbal, e no Norte (7%), que inclui os círculos do Porto e de Braga (os quatro que elegem o maior número de deputados). O Livre está a perder gás em Lisboa (4%), mas fica ainda assim à frente de CDU, BE e PAN (todos com 2%) no maior círculo eleitoral do país (48 deputados).
Finalmente, no género mantém-se o equilíbrio no PS (a diferença é de apenas um ponto) e o pendor feminino na AD. Se Luís Montenegro está com uma liderança confortável, deve-o às mulheres: são mais dez pontos (32%) que os socialistas (22%), sem distribuição dos 18% de indecisas. O Chega continua um pouco mais masculino (mas a notícia é que a diferença de género já não tem o peso do passado) e liberais e comunistas batem recordes de masculinidade (eles valem o dobro ou mais do que elas).
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Cada vez mais gente aponta à vitória de Montenegro (72%)
A sondagem diária da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN acrescenta outros dados para além da intenção de voto. Um deles é a “dinâmica de vitória”, ou seja, quem é que os portugueses acham que vai vencer as eleições, independentemente do partido em que pensam votar. E os que apontam para uma vitória de Luís Montenegro são cada vez mais: 72% (mais dois pontos do que no sábado e mais três do que no arranque). Ao contrário, são cada vez menos os que acreditam numa vitória de Pedro Nuno Santos: 12%.
Quando se pergunta quem tem tido a melhor prestação nos debates e entrevistas (o trabalho de campo decorreu entre 30 de abril e 3 de maio), assiste-se a uma inversão (os próximos dias dirão se se transforma em tendência): Montenegro cresce para os 23,5%. Mesmo que não se possa dizer que há causa e efeito, está pelo menos em linha com a subida da AD nas intenções de voto. Pedro Nuno volta a descer (10,5%), e é ultrapassado por André Ventura (10,7%).
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No que diz respeito à opinião sobre os líderes e se está a melhorar ou a piorar, a tabela é agora liderada por Rui Tavares (Livre), com um saldo positivo de 10 pontos (diferença entre “melhorou opinião” e “piorou opinião”), que ultrapassou Rui Rocha (Iniciativa Liberal), que tem um saldo positivo de nove pontos. Montenegro está inamovível desde o arranque da tracking poll, com um saldo zero. Todos os restantes estão em terreno negativo, ou seja, há mais portugueses a responder que a sua opinião piorou nos últimos dias. Pedro Nuno Santo tem um saldo negativo de 12 pontos, mas o pior classificado é mesmo André Ventura, com um saldo negativo 26 pontos.
Ficha técnica
Durante 4 dias (30 de abril e 1, 2 e 3 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, trêscortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1529 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 52,98%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.