S.TO.P. em conflito: criação de partido e transparência nas contas geram discórdia
As desavenças entre os membros da direção do S.TO.P. e as diferentes interpretações dos Estatutos levam que, neste momento, André Pestana e Carla Piedade se intitulem ambos coordenadores do Sindicato de Todos Os Professores. Já há um pedido de auditoria às contas e de entrega de documentos referentes às finanças.
Corpo do artigo
No final do mês de julho, André Pestana entrou de férias e foi substituído, de forma interina, por Carla Piedade, também membro da direção, que afirma que continua no cargo.
“Estou no cargo até que o André reúna presencialmente com a direção e reassuma o cargo, se assim o entender”, disse ao JN, esta quinta-feira, Carla Piedade. Há cerca de dois meses, Pestana, evocando a necessidade de “descansar” e no meio de uma discussão interna sobre o futuro do sindicato, "passou a pasta" à vogal para que ela assumisse a função de coordenação.
“Já tivemos várias reuniões e o André Pestana ou não compareceu ou participou online e a transmissão do cargo tem que ser feita presencialmente”, explicou Carla Piedade. Pestana garantiu ao JN que ele é que é o coordenador e que “não há dúvidas sobre isso”. “É verdade que, enquanto estive de férias, a coordenação esteve com outra pessoa mas, quando acabaram as férias, reassumi funções”, explica.
O desentendimento entre os nove elementos da direção é de tal ordem que uma parte dos dirigentes pediu, a 29 de agosto, uma auditoria às contas do S.TO.P. e a entrega de documentos referentes às finanças do sindicato. “O anterior coordenador movimentava e continua a movimentar a conta bancária como se fosse a sua conta pessoal”, afirmou Cristina Domingues, também da direção do sindicato, e crítica de Pestana.
Insatisfeito com os colegas, André Pestana defende a realização de uma assembleia geral extraordinária para destituir a atual direção, marcando de seguida um novo ato eleitoral ao qual deverá voltar a concorrer.
No requerimento enviado à presidente da mesa da assembleia geral, e assinado por mais de duzentos sócios, os professores afetos a Pestana referem que os corpos gerentes do sindicato “têm dificultado o exercício do sindicalismo democrático e combativo”. A recolha das assinaturas necessárias para a marcação da assembleia foi mobilizada pelo próprio presidente do S.TO.P.
“Neste momento, a direção do S.TO.P. não está ser fiel ao seu ADN”, disse ao JN André Pestana, afirmando ainda que o sindicato “vai voltar” a respeitar os princípios do sindicato. “Ao contrário do que me acusam, a direção foi constituída com base na diversidade e o nosso comprometimento tem que ser com a educação”, referiu.
O documento elaborado como suporte para a recolha de assinaturas para a destituição da direção e ao qual Pestana diz não estar formalmente ligado, refere ainda que “a mudança de ação sindical praticada por parte dos membros dos corpos gerentes se afasta da prática sindical democrática e combativa e quer impedir a continuidade da liderança”.
Rever os estatutos
“Em reunião, a maioria dos membros da direção já aprovou a realização de uma assembleia extraordinária para a revisão dos Estatutos”, disse Cristina Domingues. “O STOP tem uma direção e tem uma coordenadora em funções. Não há motivo para destituir a direção”, completou.
Um dos fatores de discórdia entre os nove membros da direção do STOP tem a ver com a possibilidade de Pestana estar a tentar criar um novo partido político. “Estive no MAS (Movimento Alternativa Socialista), saí mas não para criar outro partido”, afirmou.
“Nas redes sociais e não só, André Pestana manifesta-se sobre a vida do MAS e tem relações muito próximas com o partido”, refere Domingues. Para além do MAS, entre os sócios do sindicato fala-se na criação de um novo partido político liderado pelo sindicalista. O “Mudar”, assim se chama o movimento político, terá já sido falado por Pestana publicamente e em encontros com professores. Ao JN, Pestana desmente e garante que está “exclusivo” para o S.TO.P.