A Agência Espacial Europeia (ESA) recriou os desafios do isolamento e do confinamento dos astronautas no espaço num submarino da Marinha Portuguesa.
Corpo do artigo
A primeira tripulação do projeto SubSea regressou a terra no dia 16 de dezembro, após uma expedição subaquática de 60 dias. Uma equipa científica de universidades da Alemanha, Itália e Portugal está a estudar a evolução do stresse, do humor e da dinâmica da tripulação de 25 voluntários confinados em espaços reduzidos, à semelhança dos astronautas em longas missões espaciais.
Os submarinos reproduzem o isolamento, o confinamento e os desafios operacionais das missões espaciais, o que os torna ideais para estudar a forma como estas condições afetam os membros da tripulação e para desenvolver estratégias que os ajudem a lidar com elas. As expedições submarinas servem para testar novas técnicas e recolher dados para melhorar as futuras missões de voos espaciais humanos.
Para compreender a forma como o corpo e a mente se adaptam ao longo da missão, os cientistas utilizaram questionários e recolheram amostras de cabelo e saliva. Os resultados irão ajudá-los a detetar marcadores de stress como o cortisol, bem como a monitorizar as alterações na saúde imunitária da tripulação.
“Estes esforços aprofundam a nossa compreensão dos ambientes extremos e desempenham um papel crucial na preparação da comunidade espacial global para os desafios das futuras missões à Lua, a Marte e mais além”, afirma Daniel Neuenschwander, Diretor de Exploração Humana e Robótica da ESA, num comunicado.
A integração dos conhecimentos das comunidades de investigadores de submarinos e astronautas poderá impulsionar a inovação nos cuidados médicos para estações polares, destacamentos militares, expedições de caminhada, populações que vivem em escuridão prolongada e até operações mineiras. As descobertas poderão ser aplicadas a doenças como a perturbação afetiva sazonal, a depressão e as perturbações do sono.
Esta missão SubSea marca a fase inicial de um projeto concebido para expandir o seu âmbito de investigação em fases posteriores.
“O SubSea enquadra-se perfeitamente no interesse crescente de Portugal pelas actividades análogas e pela medicina espacial”, afirma Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa.