A mensagem que está a circular nas redes sociais sobre a subvariante da Ómicron XBB, que provocou uma onda de novos casos em Singapura, contém informação falsa. Não há qualquer evidência de que este "descendente" do vírus seja mais agressivo, letal ou difícil de detetar. Em Portugal, o INSA identificou quatro casos até 8 de novembro, mas "não há sinais de crescimento".
Corpo do artigo
"Notícias de Singapura! Todos são aconselhados a usar uma máscara porque o novo coronavírus variante Covid- Omicron XBB é diferente, mortal e não é facilmente detetado adequadamente". Assim começa a mensagem de alerta que está a espalhar-se nas redes sociais, nomeadamente via "WhatsApp". Prossegue, enumerando sintomas, assegurando que o vírus é mais "tóxico" e mais mortal do que a primeira onda de covid-19. E termina pedindo a partilha do conteúdo.
A informação que corre está longe da verdade, como explica ao "Jornal de Notícias" o epidemiologista Manuel Carmo Gomes. A XBB existe e foi dominante na Ásia durante o mês de outubro. Em Singapura provocou uma onda de novos casos, mas ao contrário do que se diz, há boas notícias.
"Tiveram uma onda, mas sem um pico alto e ao fim de algumas semanas começou a descer", afirma o professor da Faculdade de Ciências de Lisboa, que fez parte do grupo de peritos que aconselhou o Governo durante o combate à pandemia.
Ao nível hospitalar, "também não teve grande impacto, não é muito patogénica", acrescenta o especialista, resumindo: "causou uma onda relevante, mas nada de assustador".
A XBB, tal como todas as variantes que começam pela letra X, resulta da combinação de duas subvariantes da Ómicron. Tal pode acontecer quando uma pessoa se infeta em simultâneo ou em dias consecutivos por duas subvariantes diferentes. "O vírus vai buscar um bocado de uma e um bocado de outra e dá origem a uma nova, a que chamamos recombinante", sintetisa Manuel Carmo Gomes.
Detetados quatro casos em Portugal
Há casos da XBB na Europa, mas "não há qualquer sinal de que esteja a crescer", diz Manuel Carmo Gomes. Uma explicação pode ser o facto de estar a competir com a variante BQ.1 que está a tornar-se dominante em vários países, incluindo em Portugal, e que não existia em Singapura em outubro.
"Embora haja casos de XBB na Europa tudo indica que quem vai dominar é a BQ.1 e as suas descendentes", adianta o professor, prosseguindo com uma mensagem tranquilizadora: por enquanto, também não há qualquer indicação que esta BQ.1 "atire com mais pessoas para os hospitais".
Em Portugal, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) detetou até ao dia 8 de novembro quatro casos de XBB e seus descendentes. Já a sublinhagem BQ.1 está próxima de se tornar dominante (47,5%) no país.
Todo este "jardim zoológico de variantes" da covid-19, como lhe chama Carmo Gomes, é detetável em testes comuns. Não há, por isso, qualquer dificuldade acrescida de identificação da XBB como refere a mensagem que circula nas redes sociais.