Candidaturas arrancam esta sexta-feira. Maioria das instituições deve começar ano letivo em regime misto de aulas: primeiros anos e laboratoriais serão presenciais; teóricas à distância.
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As candidaturas ao Superior arrancam hoje para um novo recorde de vagas (52 242). Ainda com a incerteza quanto à evolução da pandemia a marcar a preparação do próximo ano letivo, as instituições apelam à vacinação dos estudantes antes do início das aulas e esperam que a Direção-Geral de Saúde reveja as regras da ocupação das residências.
Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), assume que aguarda a atualização da ocupação das residências pela DGS. Houve instituições que perderam cerca de um terço das camas, por os quartos passarem a individuais, e essa revisão deve ser feita "em consonância" com a desejável retoma do ensino presencial, defende.
O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) não acredita que a norma, que impõe um distanciamento mínimo de dois metros entre camas, "volte atrás". Para António Sousa Pereira, essa revisão não é um obstáculo ao ensino presencial. A falta de camas "já era um constrangimento antes da pandemia e vai continuar a ser no próximo ano letivo", frisa.
Receio de abandono
A quase um mês do início das aulas em algumas instituições, António Sousa Pereira explica que as universidades estão a preparar-se, mais uma vez, para arrancarrem em regime misto de aulas, acreditanto que, durante o ano letivo, o ensino presencial possa ser integralmente retomado. É esse o desejo do ministro Manuel Heitor e também das universidades e politécnicos, garantem os presidentes do CRUP e CCISP.
"Com a revisão da norma técnica e a vacinação dos estudantes, ficam reunidas condições para um ensino muito mais presencial", insiste Pedro Dominguinhos.
Além da ocupação das residências, a norma define as regras das atividades letivas e não letivas. As aulas dos primeiros anos, práticas e laboratoriais serão preferencialmente presenciais, "não tenho dúvida". Maior incerteza, explica o presidente do CCISP, persiste quanto às aulas teóricas, que também podem ser presenciais se a pandemia, a vacinação e a dimensão das turmas o permitirem. "Uma coisa são 30 estudantes, outra são 100".
Tal como as residências, a ocupação das salas, anfiteatros, cantinas ou bibliotecas é definida pela DGS e não pelas instituições, sublinha.
Ana Cabilhas, presidente da Federação Académica do Porto, admite que uma das suas preocupações é que "o modelo misto seja usado para esconder a falta de condições para se acolher todos os estudantes, especialmente num contexto de aumento das vagas". Não só em relação às residências, mas também quanto às cantinas e bibliotecas, afirma.
"Muitos estudantes fazem depender a sua frequência de conseguirem, ou não, um quarto numa residência", garante o presidente da Federação Académica de Lisboa (FAL), Francisco Pereira. Um dos maiores receios das associações académicas é a subida do abandono no próximo ano e, por isso, reivindicam o reforço da Ação Social e o fim das propinas.