Associação do setor receia que paralisação dos camiões acabe por prejudicar os clientes da grande distribuição.
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O pré-aviso de greve dos motoristas está a preocupar os supermercados, que temem que se repita a situação do verão de 2008 em que as prateleiras esvaziaram porque o fornecimento foi bloqueado. A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) apela ao "bom senso" das partes envolvidas e lembra que a situação pode ter "consequências muito graves" para a reputação nacional, designadamente no turismo. "Não é um problema da distribuição, é do país, porque as suas consequências serão muito lesivas para o cidadão, para os turistas e para a economia", argumenta o diretor-geral da APED.
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Gonçalo Lobo Xavier admite que cada insígnia estará a preparar o seu próprio plano de contingência, mas não chega. "Mesmo que as cadeias quisessem aumentar os seus stocks, os frescos são recebidos diariamente. Uma greve dos motoristas trará, necessariamente, perturbações à entrega de produtos frescos, não há planos de contingência que resistam a isto", frisa.
Por isso, a aposta da APED é na "sensibilização" do Governo e da Antram, associação que representa as empresas transportadoras, para as possíveis consequências desta greve, estando a trabalhar com a própria associação patronal no sentido de "ajudar a encontrar mecanismos que evitem esta catástrofe". Como? Assegurando condições de "maior eficiência e conforto" aos motoristas nos processos de carga e descarga, diz Gonçalo Lobo Xavier, adiantando que "estamos, também, a ver onde é que podemos colaborar ao nível da formação". O objetivo final é "contribuir para que os motoristas se sintam mais recompensados no seu dia a dia".
Também a Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis tem estado a colaborar com o Governo, mas o seu presidente não entra, para já, em pormenores. "Ainda é demasiado cedo", diz Francisco Albuquerque.
As negociações com a Antram continuam a decorrer, pelo menos no que se refere aos sindicatos afetos à Fectrans (CGTP). O coordenador, José Manuel Oliveira, garante que as negociações permitiram já chegar a alguns compromissos, que "não foram postos em causa", pelo que a Fectrans não considera oportuno avançar com um pré-aviso de greve num quadro negocial. De entre os pressupostos negociais já acordados, José Manuel Oliveira destaca a retribuição-base dos motoristas de 700 euros em 2020, o que significa "um aumento de, no mínimo, 120 euros", bem como a atribuição de um novo subsídio de 125 euros aos motoristas de matérias perigosas.