Doença dizima rebanhos e o número de carcaças para venda é reduzido. Produtores falam em milhares de euros em prejuízos. Solução passa por importar carne.
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A tradição dita que o borrego e o cabrito compõem a mesa da consoada dos portugueses, mas a compra deste tipo de carne vai pesar mais na carteira, uma vez que a doença da língua azul está a provocar milhares de mortes de ovelhas em todo o país. Na primeira semana de novembro, o preço médio dos borregos de 22 a 28 quilos aumentou 39 cêntimos e há relatos de explorações que estão com quebras de 80%. A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) fala num prejuízo de seis milhões de euros e garante que o surto já matou mais de 51 mil ovinos, desde o dia 13 de setembro.
Para a Associação dos Comerciantes de Portugal, o impacto é imediato na subida do preço da carne, que se agravará na época das festividades, altura em que a procura também aumenta. “É um prejuízo enorme para o setor, sobretudo com a aproximação do Natal, que é o expoente máximo da venda de ovino e onde o preço já por si é alto. Há explorações inteiras que estão com quebras de 80%”, enfatiza Marianela Lourenço, secretária-geral da associação. Também Pedro Cardoso, médico veterinário e coordenador da Ovibeira, nota uma redução drástica do números de borregos para venda. “Vai-se perder um período de venda por excelência, em que o preço é mais apreciado pelos produtores, que sincronizam e preparam os rebanhos para esta altura do ano. Pelo número de animais que estão a morrer e pelo número de animais que abortaram, espera-se uma quebra considerável em termos de disponibilidade de borrego para a venda”. O dirigente avança com uma quebra de 60% de animais para venda e realça que, só nos últimos 15 dias, foram contabilizados mais de 1500 espécimes mortos na Beira Baixa. No entanto, o secretário-geral da CAP, Luís Mira, explica que “as situações mais complicadas se vivem em explorações situadas do Tejo para baixo”.