As regiões autónomas e as zonas do Tâmega, Ave e Cávado são as de maior vitalidade demográfica do país, a par da Área Metropolitana de Lisboa. Menos envelhecidas do que as outras, devem a "saúde" demográfica só ao facto de terem mais nascimentos do que óbitos.
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A população portuguesa continua a envelhecer: em 2000, havia 102 idosos por cada 100 jovens. Em 2009, já eram 117. Em 2030, Portugal deverá ser o sétimo país mais envelhecido da Europa, com 175 pessoas com mais de 65 anos por cada 100 abaixo dos 15. Do retrato envelhecido traçado pelo Instituto Nacional de Estatística sobressaem as regiões de Lisboa e do Algarve, as únicas que viram crescer a população jovem na última década.
Além da quebra da natalidade, aumenta a longevidade. E só graças às migrações se compensa o saldo populacional: Portugal cresceu 3,7% em dez anos, sobretudo devido ao movimento migratório, que subiu 3,5%. O saldo fisiológico positivo não é, portanto, significativo. Em 2009, havia 457 mil estrangeiros em Portugal e só graças a parte deles é que a população de 72 concelhos subiu - a maioria são territórios algarvios (o Algarve cresceu 13%, graças à imigração), alentejanos e de pequenas ilhas açorianas. O Algarve tem a mais alta taxa de imigrantes por cada cem cidadãos portugueses (17%), seguido de Lisboa (8%), únicas regiões acima da média nacional de 4%. No Norte e nos Açores, apenas 1% da população é estrangeira.
Mas, apesar do saldo migratório positivo, o conjunto do Alentejo viu a população descer 1,6%. E os Açores, no geral, devem o aumento populacional à natalidade. Em 158 dos 308 municípios portugueses, há hoje menos gente do que há dez anos e as grandes cidades perderam capacidade de atracção de migrantes.
No meio do retrato, surgem as confirmações: as ilhas, as regiões do Tâmega-Ave-Cávado e a Área Metropolitana de Lisboa (exceptuando a capital) são as que apresentam mais vitalidade demográfica e capacidade de renovação da população activa. Porque são regiões mais jovens há já alguns anos e, portanto, como explica Paulo Nossa, do Departamento de Geografia da Universidade do Minho, com mais mulheres em idade fértil (ver entrevista ao lado). O que não significa que aí haja uma maior índice de fecundidade, isto é, do número médio de filhos por mulher em idade fértil. Caiu em 262 municípios.
No total do país, esse índice está em 1,3 (1,6 na União Europeia), o que impede a renovação das gerações. E continua a descer em todas as regiões, à excepção do Algarve (subiu de 1,6 para 1,7). Há 50 anos, cada portuguesa fértil tinha, em média, 3,1 filhos. O adiamento da maternidade é um dos factores que entra neste jogo. Um quinto das mulheres que foram mães em 2009 tinham 35 ou mais anos. Em 2000, eram apenas 13%.