A companhia aérea portuguesa figura na lista de 17 companhias aéreas europeias acusadas de praticar "greenwashing" (branqueamento verde) por várias associações de consumidores. A Deco e mais 22 organizações apresentaram uma denúncia à Comissão Europeia e pedem o reembolso de clientes que pagaram por "tarifa verde".
Corpo do artigo
Em colaboração com a BEUC, organização europeia de consumidores, 23 organizações, onde se inclui a associação portuguesa Deco, denunciaram "alegações enganosas" de 17 companhias aéreas europeias relacionadas com o clima. A análise foi feita em 19 países. A chamada prática de "greenwashing" - traduzido em português para branqueamento verde - ocorre quando uma empresa ou organização usa o marketing para promover ações positivas e favoráveis sobre sustentabilidade, quando, na realidade, essas práticas não existem na atividade ou são, inclusive, nocivas para o ambiente.
A TAP é uma das companhias aéreas europeias identificadas na lista de "greenwashing". Segundo a BEUC, a empresa de aviação portuguesa terá usado expressões como "compensação de carbono" e "compense as suas emissões de carbono". As frases foram utilizadas na marcação de um voo entre Frankfurt (Alemanha) e Lisboa (Portugal), a 2 de junho deste ano.
Naquele voo, o cliente da TAP podia destinar uma quantia - neste caso seria de 1,69 euros - para compensar as emissões de carbono da viagem. O valor, segundo a TAP, será destinado a projetos de sustentabilidade ambiental. No exemplo traçado pela BEUC, a quantia era encaminhada para um projeto no Gana que constrói fornos mais eficientes e exige menos consumo de gases de efeito de estufa.
"Branqueamento ecológico"
A Deco aponta, em comunicado, ser "inaceitável" que as transportadoras aéreas usem alegações para se mostrar mais sustentáveis, quando operam "num setor altamente poluente". A associação portuguesa diz ainda ser errado induzir os consumidores a pagar uma "tarifa verde" ou "suplementos" que compensem as emissões. "O voo em que viajem continuará a emitir gases nocivos para o clima, pelo que apresentar este modo de transporte de alguma forma como sustentável é puro branqueamento ecológico", salientam.
Além da TAP, as outras companhias aéreas visadas são a Lufthansa, a Eurowings, a Swiss, a Brussels Airlines, a Austrian, a Air Dolomiti, a Air France, a KLM, a Vueling, a Ryanair, a Wizz Air, a Norwegian, a Volotea, a SAS, a Air Baltic e a Finnair. Por usarem alegações que "violam as regras que proíbem práticas comerciais desleais" e que são "lesivas dos direitos dos consumidores", as 23 organizações apresentaram, em conjunto com a BEUC, uma denúncia à Comissão Europeia e à Rede de Cooperação no domínio da Defesa do Consumidor.
A associação portuguesa de proteção dos consumidores afirma ter apelado às autoridades europeias para agir "de forma a evitar que as transportadoras continuem a utilizar tais práticas e alegações que são claro 'greenwashing' e que enganam seriamente os consumidores". É ainda pedido que os clientes que pagaram por tarifas verdes ou compensações sejam reembolsados, uma vez que foram induzidos em erro por "alegações enganosas".