"Tardia e insuficiente". Partidos criticam medidas de mitigação dos aumentos do gás
O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou, esta quinta-feira, o Governo de "atuar de uma forma muito desordenada" e com "medidas às pinguinhas", como as relativas ao regresso às tarifas reguladas do gás.
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"É caso para dizer que é melhor do que nada", disse Luís Montenegro, em Grândola (Setúbal), quando questionado pelos jornalistas sobre o anúncio de hoje do Governo relacionado com o setor do gás.
Mas, para o presidente do PSD, apesar de esta medida ser "melhor do que nada, é ainda muito pouco e muito insuficiente para aquilo que são os efeitos que se começam a fazer sentir e já se sentem em muitas famílias portuguesas".
"O Governo está a atuar de uma forma muito desordenada, com medidas um bocadinho às pinguinhas, semana sim semana não vai dizendo qualquer coisa e preanunciou para setembro um pacote mais robusto", disse Montenegro, durante uma visita à Feira de Agosto, em Grândola.
"Tardia e insuficiente"
O BE considerou que a possibilidade de famílias e pequenos negócios regressarem à tarifa regulada do gás é uma medida "tardia e insuficiente", acusando o Governo de proteger os lucros excessivos das empresas e recusar uma "tributação adequada".
"Há muito que o Bloco defende a possibilidade de regresso à tarifa regulada. A medida é tardia e insuficiente", criticou o dirigente do BE Jorge Costa numa publicação na rede social Twitter em reação às medidas hoje anunciadas pelo Governo para mitigar os aumentos do gás anunciados na quarta-feira.
Na opinião do BE, "o Governo protege os lucros excessivos das empresas" e recusa implementar uma "tributação adequada". Para os bloquistas, o "caminho é controlo dos preços, a tributação dos lucros e a redução do IVA".
Há muito q Bloco defende possibilidade de regresso à tarifa regulada. Medida é tardia e insuficiente. O governo protege lucros excessivos das empresas e recusa tributação adequada. Caminho é controlo dos preços, tributação dos lucros, redução do IVA. https://t.co/Jcu8V35xGP
- Jorge Costa (@jorgecosta) August 25, 2022
PCP apelida medida do Governo de paliativo e pede preços máximos no gás
O PCP considerou que as medidas anunciadas pelo Governo para atenuar o aumento do preço da energia são meros paliativos e que "é indispensável" estabelecer preços máximos no gás e na eletricidade.
Em comunicado enviado às redações, os comunistas alegam que a decisão do executivo de levantar as restrições existentes para possibilitar o regresso de famílias e pequenos negócios ao mercado regulado do gás natural foge ao que era "mais decisivo". Esta e outras propostas do Governo anunciadas nos últimos meses para mitigar os efeitos do aumento do preço da energia "não passam de paliativos, que não só não respondem à gravidade da situação, como alimentam o saque que os grupos económicos estão a fazer ao país", sustentam os comunistas.
Na ótica do PCP, "é indispensável o imediato estabelecimento de preços máximos para o gás e a eletricidade, que travem e invertam a escalada de preços".
Esta medida deve ser acompanhada, segundo o partido, pela reposição do IVA da eletricidade nos 6%, a descida do imposto sobre o gás para o mesmo valor, devendo o Governo "assumir que as empresas que estão a lucrar com a especulação devem ser objeto da aplicação de impostos extraordinários".
O partido de Jerónimo de Sousa sublinha que os sucessivos aumentos dos preços da energia registados nos últimos meses "não só não são inevitáveis", como "têm de ser travados".
"A espiral inflacionária alimentada pela especulação com o preço da energia está a provocar uma forte erosão nos salários e nas pensões, a degradação diária das condições de vida e a colocar em risco setores inteiros da economia nacional", sustentam os comunistas.
IL critica Governo por "medidas administrativas avulso" em vez de baixar IVA
A Iniciativa Liberal (IL) criticou o Governo por "inventar medidas administrativas avulso" em vez que baixar o IVA da energia, considerando que ficou por explicar como será paga a possibilidade do regresso à tarifa regulada do gás.
"A IL só se poderá pronunciar em detalhe sobre a medida quando vir o texto legislativo que será proposto pelo Governo. Nas notícias conhecidas, o Governo não explica várias coisas, nomeadamente os termos em concreto da exceção que aparentemente será anual e, mais importante, de que forma irá esta medida ser paga", refere o deputado liberal Bernardo Blanco numa reação enviada à agência Lusa na sequência das medidas hoje divulgadas pelo Governo para mitigar os aumentos do gás anunciados na quarta-feira.
Bernardo Blanco insistiu que "prioritário é baixar o IVA da energia para 6%, como bem essencial que é", considerando que "é uma forma simples, transparente e universal de baixar o preço, aumentado o poder de compra dos portugueses neste difícil contexto de inflação".
"O Governo continua, de forma incompreensível, a inventar algumas medidas administrativas avulso, que minam a credibilidade do sistema, em vez de baixar o IVA da energia", criticou.
PAN considera que Governo "tem de ir mais longe" e pede redução do IVA
O PAN considerou que o Governo "tem de ir mais longe" nas medidas para mitigar o aumento do preço da energia e considerou que a descida do IVA "é inevitável e não mais pode ser adiada".
Em comunicado, a porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza defende que o executivo de António Costa "já vem tarde" e "tem de ir mais longe" nas medidas para contrariar os aumentos anunciados. "A medida anunciada pelo Governo reflete-se sobre o preço, mas o Governo continua a furtar-se de abrir mão da receita via IVA, ao não se comprometer com a redução deste imposto, uma medida que para o PAN é inevitável e não mais pode ser adiada, sob pena de contínuo asfixiamento das famílias e das empresas", salienta Inês Sousa Real.