O deputado único do Livre, Rui Tavares, desafiou o Governo a provar que não vai governar "de forma absoluta", apesar da maioria parlamentar, mostrando-o na fase de especialidade do Orçamento do Estado para 2022.
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"O governo teve 120 deputados e o Livre só um, é verdade. Mas o governo prometeu que com maioria absoluta não governaria de forma absoluta. Portanto, o espaço que se cria para a discussão na especialidade e para a votação final global é provarem que isso é verdade", desafiou Rui Tavares, esta sexta-feira, no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2022 que decorre na Assembleia da República.
Tavares apelou ao executivo para que esteja "disposto a trabalhar com o resto do parlamento" para que o orçamento na votação final global "seja significativamente diferente e mais ambicioso do que apenas aproximarmo-nos do pelotão da frente".
O deputado único começou a sua intervenção fazendo referência a uma declaração do primeiro-ministro, António Costa, no primeiro dia de debate do orçamento, quando afirmou o objetivo de colocar Portugal no "pelotão da frente" da União Europeia, lembrando uma "frase feliz" de Cavaco Silva.
"E o PSD reagiu com bastante alegria e houve uma troca de galhardetes entre PS e PSD a propósito da paternidade dessa expressão feliz. E eu, tendo vivido esses anos 80, a certa altura perguntei-me: 'estão os dois maiores partidos portugueses a debater acerca da felicidade da escolha de uma forma e da paternidade de uma meta que nos servia nos anos 80, no ano de 2022?", questionou.
Na opinião do deputado único, a meta que servia à geração nos anos 80 não é a meta que serve em 2022. "O Livre tem uma estratégia diferente e por isso percebe que enquanto nos aproximamos do pelotão da frente, há muita gente que simplesmente escolhe mudar de país, tem essa possibilidade que lhe deu o projeto europeu".
Segundo o deputado, "o que o governo oferece é um orçamento de transição em plena crise geopolítica mundial". "O que o Livre defende é um orçamento que em vez de repetir fórmulas de 2021, ataque esta crise de frente", disse.