Vigilância gera alertas no caso de alteração de rotinas, temperatura da casa, fugas de gás ou entrada de estranhos.
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Isolina de Jesus Batista habituou-se a viver "vigiada" por uns aparelhos minúsculos colados às paredes e ao teto dentro de casa. A mulher de 86 anos, que vive sozinha em Jou, freguesia do concelho de Murça, admite que se sente "mais segura" por ter sido abrangida pelo projeto "Idoso(@) Ativo(@)". É uma entre 60 idosos abrangidos neste concelho e nos de São João da Pesqueira e Tabuaço, 20 em cada um.
Ao primeiro andar onde vive Isolina acede-se por uns degraus grossos que a obrigam a esforço maior. Os aparelhos de um sistema de domótica (desenvolvido pela empresa Dótima Technologies) mal se veem. Apenas o router da Internet se destaca em cima de um móvel, até pelas luzinhas que a preocupam. "Isto deve gastar muita luz", lamenta. Mas o vice-presidente da Câmara de Murça, António Marques, garante que aquilo pouco gasta e que a fatura da Net é por conta do Município, para além de que o sistema de vigilância "não é invasivo", ou seja, "salvaguarda a sua liberdade e privacidade".
Sentada à lareira em dia frio, a catequista, que vive sozinha desde que a mãe faleceu, lá reconhece a Aida Nunes, a assistente social que é responsável pela execução do projeto no terreno, e à colega Rita Rodrigues, que se sente "mais segura", embora, "felizmente", nunca tenha havido motivo para testar o sistema. No entanto, Aida explica que se houver alteração às rotinas e hábitos de cada idoso, seja a hora de levantar, o movimento, a temperatura, eventuais fugas de gás ou luminosidade no espaço, é ativado um alerta que tanto pode ir parar ao telemóvel de familiares próximos, a Aida Nunes ou à junta de freguesia.
com Acompanhamento humano
Na aldeia de Varges, Maria da Luz Ribeiro é toda sorrisos mal vê Aida. "Vem estar um bocadinho comigo, para conversar e ver o que se passa", diz, com as lágrimas a marejar os olhos. É outra das pessoas abrangidas pelo projeto "Idoso(@) Ativo(@)".
Tem sete filhos, mas, aos 81 anos, vive sozinha, já que cada um tem a sua vida fora da aldeia. Também ela não fez ainda disparar os alarmes e espera que ainda tarde a fazê-lo. Mas como os sensores também servem para detetar a entrada de intrusos, considera-os uma mais-valia para a sua segurança. "Basta gritar "socorro" para vir alguém em meu auxílio".
António Marques diz que o projeto surgiu no âmbito de uma política de "ação social forte" que o executivo implementou desde que iniciou funções. O vice-presidente da Câmara de Murça destaca que usa as novas tecnologias para "garantir a segurança e bem-estar" dos idosos e diminuir as situações de potencial risco, dado a situação de "isolamento e falta de retaguarda familiar" em que se encontram.
Apesar disso, o autarca de Murça garante que este sistema "não invalida o acompanhamento humano" por parte de uma equipa multidisciplinar, porque "há outras debilidades na população mais velha". Uma boa parte, salienta, "precisa de medicação permanente, já que sofre de doenças crónicas".
Sistema
Sem imagens
O sistema não capta imagens, apenas os movimentos dos idosos. Se alguém costuma levantar-se entre as 7 e as 9 da manhã e não o faz, o sistema lança um alerta para familiares.
Equipa pronta
Ativado o alerta, o primeiro procedimento é o contacto telefónico. No caso de ninguém atender, elementos da equipa municipal de acompanhamento deslocam-se a casa da pessoa.
No telemóvel
O objetivo da domótica passa por centralizar o controlo das funções de vários sistemas como a iluminação ou o aquecimento num único local como um smartphone.