Flexibilidade aumenta as obrigações das mulheres, que dedicam mais tempo às tarefas domésticas e aos filhos. E fomenta o risco de esquecimento.
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Volvidos os confinamentos, que nos impuseram o trabalho à distância, qual a realidade hoje do teletrabalho em Portugal? Se, por um lado, proporciona maior flexibilidade e ganhos em deslocações, por outro pode aumentar o stress e a ansiedade. Numa lente de género, serviu para afundar a desigualdade. E o risco de esquecimento, na lógica do “ver e ser visto”. Alertas do projeto “Homework: des/igualdades de género na conciliação de teletrabalho e coabitação”, acompanhadas de várias recomendações, na forma de Livro Branco. Desde logo, direitos iguais, independentemente da forma como o trabalho é prestado.
“No teletrabalho, os papéis sociais de género tradicionais são reproduzidos e reforçados espelhando desigualdades estruturais persistentes na sociedade”, lê-se nas conclusões do Livro Branco ontem apresentado na Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto. E que resulta do projeto “Homework”, financiado por fundos comunitários e promovido por aquela faculdade em articulação com a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. Concretizando: “Embora as mulheres dediquem o mesmo número de horas ao trabalho formal remunerado”, em teletrabalho “dedicam mais tempo a atividades domésticas e de cuidado a crianças e a pessoas adultas” do que os homens que, por sua vez, “dedicam mais tempo a atividades de lazer”, percecionado, assim, um maior bem-estar.